Home Política

Sabesp: Tarcísio promulga lei que autoriza privatização da companhia

O sociológo e jornalista José Maria Viana escreve sua coluna nos fins de semana no RCIA; ele nesta edição diz que conversou com experiente político de Araraquara que já trabalhou na Sabesp e ouviu dele que a privatização da companhia é um "tiro na água".

12

PRIVATIZAÇÃO SABESP
A maior companhia de saneamento básico da América Latina, a Sabesp, recebeu autorização da Assembleia Legislativa de São Paulo, para ser privatizada numa grande vitória para o governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), comandante do processo. O placar foi 62 votos a favor e 1 contra, superando expectativas do Palácio dos Bandeirantes. A oposição deixou o plenário após confusão e não participou da votação. A Casa possui 98 deputados e aprovação dependia de 48 votos apenas para ser sacramentada. O Governo reduzirá sua participação em 50,3% ficando entre 15% e 30% na divisão acionária.

UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
A lei da privatização estabelece que 30% do dinheiro da venda das ações vai para um fundo que será criado para baixar o preço dos serviços de água e esgoto para a população. A redução da tarifa tem sido um argumento do governador para convencer a população da privatização. Outro argumento é que com o investimento da iniciativa privada, a Sabesp poderá servir à população dos serviços de água e esgoto de que faltam na capital e em outros municípios.

NÃO HAVERÁ REDUÇÃO
A experiência de privatização no Brasil mostra o contrário do que diz o governador Tarcísio de Freitas da redução de tarifa. As privatizações do saneamento no Rio de Janeiro e em Campo Grande mostram que a privatização aumentou a conta de água. A tarifa social no Rio de Janeiro custa R$ 45,32, o que significa 102,4% mais cara que a mesma tarifa praticada em São Paulo, que é de R$ 22,38. Em Campo Grande a tarifa social é de R$ 60,95, ou seja, 172,3% mais cara que a de São Paulo. Então a redução de tarifa é para boi dormir e enganar os incautos.

DISCURSO QUE ENGANA
“A privatização do saneamento penalizou a população das duas cidades. O governador Tarcísio de Freitas quer fazer a mesma coisa aqui em São Paulo com a Sabesp. O Sindicato dos trabalhadores em água, esgoto e meio ambiente do estado de São Paulo (Sintaema), tem denunciado que o aumento da tarifa é uma das consequências imediatas da privatização do saneamento”, afirmou a direção do Sintaema. É um discurso vazio, inócuo que engana a todos!

PRIVATIZAÇÃO É RISCO
Experiente político de Araraquara que trabalhou na Sabesp nos disse que, a privatização tecnicamente é um risco de morte para a Sabesp. A explicação é que a empresa privatizada se reduziria pela metade, porque os contratos formalizados para gerir fornecimento de água aos municípios se anulariam com a privatização e as prefeituras retomariam seus serviços de água, reduzindo o tamanho da empresa e suas ações cairiam à metade podendo levá-la à falência.

TARCÍSIO PERDIDO
O mesmo político disse que hoje a Sabesp administra fornecimento de água e esgoto em 375 dos 645 municípios paulistas e a privatização levaria a empresa a perder 58% deles. Cada ação da empresa que valia R$ 36,00, subiu para R$ 50,00 com a notícia da privatização, mas cairiam a quase nada com o rompimento do contrato com os municípios. “Tarcísio ainda não percebeu que está numa sinuca e mais perdido no governo que cego em tiroteio”, disse o político.

REAÇÃO DA CAPITAL
Para 58% dos municípios contratados com a Sabesp, o contrato pós-privatização seriam anulados e poderriam retomar por conta própria seus serviços de água e esgoto. A primeira reação veio da Capital, São Paulo, os vereadores querem recriar a empresa de fornecimento água e esgoto da cidade. O vereador Sidney Cruz disse: “Como precisa passar pelo crivo da Câmara de Vereadores, nós podemos aderir ou criar uma empresa de saneamento, por que não? Não é razoável acharem que a adesão da cidade à privatização da Sabesp será natural”.

TAXA DE POBREZA
Sob impacto da retomada do mercado de trabalho no último ano ainda mais forte da pandemia de Covid-19 (2022) e a ampliação do Auxílio Brasil – proposta eleitoreira do então presidente Jair Bolsonaro – a taxa de pobreza do país caiu do patamar recorde de 36,7% em 2021 para 31,6% em 2022. É o que nos mostra dados divulgados pelo IBGE na quarta-feira (06/12). Em termos absolutos o número de pessoas consideradas pobres no Brasil – população de 203,1 milhões de habitantes – baixou de 78 milhões em 2021 para 67,8 milhões em 2022.

MENOS 10,2 MILHÕES
Isso indica que 10,2 milhões de pessoas deixaram a situação de pobreza. A taxa de 31,6% registrada em 2022 é a menor desde 2020, de 31%, ano inicial da pandemia. A menor taxa da série histórica, iniciada em 2012, ocorreu em 2014 que registrou 30,8%. Os dados integram a Síntese de Indicadores Sociais. A publicação analisa estatística de fontes como a Pnad Contínua atualizando as linhas de pobreza e extrema pobreza, seguindo critérios do Banco Mundial.

R$ 10,60 POR DIA 2022
Com a revisão na série histórica, a linha de pobreza passou de US$ 5,50 (dólares) para US$ 6,85 (dólares) em PPC (Paridade de Poder de Compra), ou seja, uma família viveria com 27,13 reais por dia. As famílias de extrema pobreza pularam de US$ 1,90 (Dólares) para US$ 2,15, também em PPC. Significa que uma família na extrema pobreza que vivia com 9,37 reais em 2021, em 2022 viveu com pelo menos 10 reais e sessenta centavos por dia. Não é fácil, não!

12,7 MILHÕES DE POBRES
Segundo o IBGE a taxa de extrema pobreza também recuou na passagem de 2021 para 2022. Caiu do recorde de 9% para 5,9%, o menor patamar desde 2015 que foi de 5,6%. Ou seja, o número de pessoas extremamente pobres caiu de 19,1 milhões em 2021 para 12,7 milhões em 2022. O número dos extremamente pobres caiu de 19,1 milhões em 2021 para 12,7 milhões em 2022. A redução estimada em 6,5 milhões supera a população do Rio de 6,2 milhões.

LULA ESTÁVEL
Segundo o DataFolha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após onze meses, chega ao final do primeiro ano de mandato com avaliação estável. Seu Governo é aprovado por 38% dos brasileiros como ótimo e bom, outros 30% reprovam-no como ruim e péssimo e o muro do regular dita outros 30%. O presidente está no dilema de 30% que o aprovam, 30% que o reprovam e 30% que estão no muro para descer de qualquer lado dependendo de suas ações.

UM POUCO MEDIANO
Os 38% não significa que os eleitores avaliam que Lula fez o suficiente no primeiro ano. Para 57%, o presidente fez menos pelo Brasil do que esperavam. Apenas 16% acham que Lula superou as expectativas e outros 24% avaliam que o petista atingiu o desejado. Sem novas marcas, o terceiro mandato tem reciclado programas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Bolsa Família. Na política vive atritos com Centrão que é quem manda!