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Abin Paralela do antigo governo, possuía guichê especial a serviço de quase todos os crimes

O jornalista e sociólogo José Maria Viana escreve sua coluna nos fins de semana no RCIA; nesta edição linhas peripatéticas mostram o funcionamento da Abin Paralela que foi montada pelo Governo Jair Bolsonaro e que rendeu a prisão de seis agentes ligados ao antigo diretor Alexandre Ramagem.

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Alexandre Ramagem, chefe da ABIN Paralela

‘ABIN PARALELA’
Polícia Federal (PF) avança nas investigações da chamada “Abin Paralela” e envia relatório ao ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), monitorou de forma ilegal no governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), ministros do Supremo, parlamentares e jornalistas. Anteontem (11/07), na quarta fase da Operação Última Milha, a PF prendeu seis agentes ligados ao antigo diretor Alexandre Ramagem e cumpriu mandados de busca e apreensão contra mais dois agentes.

ALVOS DA ARAPOGAGEM
Segundo a PF, foram alvos da ação clandestina no STF, os ministros Alexandre de Moraes – relator de apurações que miram bolsonaristas – Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Dias Toffoli; no Congresso Nacional, os principais espionados foram o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira e seu antecessor Rodrigo Maia, os deputados Kim Kataguiri e Joice Hasselmann e os senadores: Alexandre Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues…

JORNALISTAS E OUTROS
Foram alvos também da espionagem, os jornalistas Mônica Bergamo (colunista da Folha), Vera Magalhães (colunista de O Globo), Luiza Alves Bandeira (do Digital Forensic Research Lab – DFRLab, ligado ao Atlantic Council) e Pedro César Batista (do Comitê Anti-Imperialista General Abreu e Lima); a lista continuou com João Dória (ex-governador de São Paulo), Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges (servidores do Ibama) e Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homem da Silva e José Ferreira de Barros Neto (auditores da Receita Federal).

PRESOS DA OPERAÇÃO
A Polícia Federal prendeu os agentes Mateus de Carvalho Spósito, Richards Pozzer, Marcelo Araújo Bormevet, Giancarlo Gomes Rodrigues e Rogério Beraldo de Almeida, todos trabalhavam diretamente com o diretor da Abin, Alexandre Ramagem, atual deputado federal, pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro e ligado ao vereador Carlos Bolsonaro que também é investigado. José Matheus Sales Gomes e Daniel Ribeiro Lemos foram alvos apenas de mandados de busca e apreensão.

‘TODA ORDEM DE VANTAGENS’
Na decisão que deu aval à operação policial, Alexandre de Moraes, afirma que os investigados “participaram de uma estrutura espúria infiltrada na Abin voltada para obtenção de toda ordem de vantagens para o núcleo político, produzindo desinformação para atacar adversários e instituições que, por sua vez, era difundida por intermédio de vetores de propagação materializados em perfis e grupos controlados por servidores em exercício na Abin”.

A SERVIÇO DE CRIMES
Segundo analistas, a Abin do governo Jair Bolsonaro possuía um guichê especial a serviço de quase todos os crimes atribuídos ao grupo do então presidente. Servidores, pagos com dinheiro público, numa estrutura nada paralela, ajudavam a turma, o núcleo duro do governo, a intimidar autoridades, fugir de investigações, atacar as eleições e monitorar desafetos, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, por ordem expressa de Alexandre Ramagem.

BLINDAR FLÁVIO
O mesmo departamento abastecia as chamadas milícias digitais que atuavam para destratar a imprensa, pressionar o Congresso Nacional e constranger o STF com o objetivo de tirá-los do caminho de Jair Bolsonaro. Todavia, os arapongas, “amadores”, produziram provas contra si próprios, ao gravar áudio em que o presidente Jair Bolsonaro discute numa reunião com servidores, uma estratégia para blindar Flávio Bolsonaro nas investigações da “rachadinha”.

REDE DE INFORMAÇÕES FALSAS
A investigação sugere também que os servidores alimentavam uma rede de informações falsas que interessavam a Bolsonaro, abastecendo perfis que tentavam desestimular a vacinação contra a Covid e atacavam parlamentares que apuravam a conduta do presidente na pandemia. O guichê trabalhou na tentativa de detonar as urnas eletrônicas para forçar a anulação das eleições e manter Bolsonaro no poder. Depois da derrota, segundo a PF, o grupo estimulou o fechamento de rodovias como faísca para um possível golpe militar.

TIRO NA CABEÇA DO CARECA
A Abin ainda mirou inquéritos contra os filhos de Bolsonaro, tentando protegê-los, ao buscar podres de auditores da receita e falaram em mensagens em tiro na cabeça de Alexandre de Moraes. Em conversa entre Marcelo Araújo Bormevet e Giancarlo Gomes Rodrigues, um deles diz: “Esse careca está merecendo algo a mais”. O Outro respondeu: “Só fuzil 7.62”. Ao que o interlocutor acrescenta: “head shot” (um tiro na cabeça)! Em seguida sobre a destituição do ministro: “Esse careca filho da puta só tiro mesmo! O Impeachment dele não sai”.

PEC DA ANISTIA
Com apoio de quase todos os partidos, menos PSOL e Novo, a Câmara aprovou a PEC da Anistia – por 344 a 89 em primeiro turno e 338 a 83 em segundo – que perdoa irregularidades cometidas por partidos políticos nas eleições de 2022, incluindo o descumprimento das cotas eleitorais para negros, pardos e mulheres. Prevê ainda anistia e imunidade tributária para partidos e seus entes, refinanciamento das dívidas das legendas e também reduz a verba eleitoral para candidatos pretos e pardos com apoio do PT de Lula e PL de Bolsonaro.

MAIOR IVA DO MUNDO
A inclusão das carnes na cesta básica nacional, que será isenta, eleva a 27,2% a alíquota de impostos previstos pela Reforma Tributária, aponta simulação do Banco Mundial. Com a medida, o Brasil terá o maior Imposto sobre Valor Agregado (IVA) do mundo, passando a Hungria que marca 27% de alíquota. O projeto aprovado pela Câmara, prevê trava de 26.5% para a tributação, mas concessões, como inserção às carnes, inviabilizam o cumprimento da regra. A bancada BBB (Bala, Boi e Bíblia), marcaram golaços que deram vitória ao atraso contra o desenvolvimento, assegurando descontos entre 60% e a isenção total. É o que temos!

APROVAÇÃO DE LULA MELHORA
Segundo pesquisa do Ipec, a aprovação ao Governo do presidente Luiz Inacio Lula da Silva (PT) melhora, passando de 33%, em março, para 37% em julho, se descolando da reprovação que oscilou de 32% para 31%. Outros 31% dizem considerar a administração apenas regular e 2% não sabem ou não responderam. O melhor cenário para Lula 3, na série histórica do Ipec, foi em março de 2023, com 41% de ótimo e bom e 24% de ruim e péssimo. Estamos registrando…