Home Cidade

Araraquara se despede nesta quinta da mulher que criou o seu hino oficial: Apparecida de Godoy Aguiar

Simples e cheia de talento, Apparecida de Godoy Aguiar, para aquele período da nossa história fugiu aos padrões. Inteligente e ousada fazia a cidade acontecer, mas infelizmente sua passagem por aqui terminou cedo demais; mas para a comunidade fica o legado através da música. O velório e o sepultamento acontecem nesta quinta.

12
Apparecida, num dos momentos emocionantes da sua vida: recebimento do Diploma de Honra ao Mérito na Câmara

Autora do Hino de Araraquara, Apparecida Jesus de Godoy Aguiar – nesta quinta-feira (18) se despede da cidade que aprendeu amar. Tanto era o seu amor por essa terra que a filha do ‘seo’ Cesário de Godoy Bueno e da ‘dona’ Clementina Ramos de Souza acabou escrevendo o Hino de Araraquara em 1970 e oficializado dois anos depois pela Câmara Municipal. A autora era natural de Itirapina.

Um dia ela mesmo nos contou sua história e disse que chegando em Araraquara já moça, foi trabalhar no laboratório de análises clínicas da Santa Casa de Misericórdia, ocupando cargo de auxiliar técnica de laboratório que era administrado pela doutora Clara Peckmann. Um dia ela disse ao RCIA que, nessa época o hospital era dirigido pela Irmã Superior Valentina Strópole que se tornou uma grande amiga e conselheira. O hospital tinha como provedor o professor Plínio de Carvalho.

Anos mais tarde, Apparecida foi contratada pelo laboratório de análises clínicas do doutor Murilo Ramalho, ficando neste emprego até o casamento com Sebastião Flávio de Aguiar com quem teve os filhos Gislaine, casada com o músico Gustavo Bombarda e Geusimar, professor de música, casado com Valéria.

Sebastião meu marido, comentou Cida, trabalhou desde pequeno na Papelaria e Casa Ramalho; mais tarde montou sua própria livraria com o nome de Acadêmica, na Rua São Bento esquina da Avenida Espanha, onde hoje é o Banco Bradesco.

Desde os tempos de criança, Apparecida gostou de cantar e fazer versos, tendo estudado no Conservatório Musical Carlos Gomes com a professora Maria do Carmo Ferreira, conhecida como dona Marocas, em seguida foi ter aulas com a professora Maria Helena Torrão.

Em 1958 cumprindo cumprindo promessa e a pedido do padre Adriano Von Luyi, da Paróquia Nossa Senhora do Carmo ela fez a doação de uma imagem da Milagrosa Nossa Senhora Imaculada Conceição que mandou confeccionar na cidade de Campinas. O transporte, contava Cida, teve que ser feito pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, pois a imagem tinha mais de um metro de altura.

Disco de 78rpm gravado em 1972, a autora Aparecida Aguiar (esquerda) e o então diretor da Rádio Cultura Antônio Carlos dos Santos (direita), responsável pela gravação em vinil

A procissão para fazer a santa chegar até na Igreja do Carmo aconteceu após a benção feita pelo padre Adriano, na residência de Apparecida. Centenas de pessoas acompanharam a caminhada religiosa organizada pelas filhas de Maria e a Irmandade do Santíssimo Sacramento. Ao mesmo tempo participava de festivais de músicas na cidade e região: em 1970 elaborou a letra e música do Hino Oficial de Araraquara.

HINO MARCOU UM MOVIMENTO HISTÓRICO DA CIDADE

Composto pela Professora Apparecida de Jesus Godoy Aguiar, em 1971, o Hino de Araraquara foi oficializado em março de 1972, por meio da Lei Municipal nº 1866/1972. A partir daí a autora se empenhou para gravar sua composição.

O projeto foi abraçado por Antonio Carlos Rodrigues dos Santos, diretor artístico da Rádio Cultura à época. Apparecida, então, conheceu Regina Cybis, que cantava e tocava violão. Passou a letra e a música do hino para que ela o gravasse em uma fita cassete.

A fita foi levada até os músicos e cantores que fariam a gravação oficial, nos estúdios da Rádio Cultura de Araraquara. Após ensaios, sob o comando de Antonio Carlos dos Santos, começaram as gravações, com a participação do coral da Igreja Presbiteriana Independente da Vila Xavier e a Banda do 13º Batalhão de Polícia Militar, sendo o músico Juracy de Paula, um dos integrantes da corporação.

Em documentário feito em 2016 pela Câmara Municipal, após a aprovação da lei nº 8679/2016, que criava o Dia do Hino de Araraquara, Antonio Carlos contou como tudo aconteceu”.

“Levamos coral e banda ao auditório da Rádio Cultura, na Avenida Espanha. Na terceira vez acertamos. Gravamos um acetato (vinil 78 rotações por minuto) para ficar registrado para história”, relembra.

No registro da Câmara feito em 2016, a autora falou sobre a emoção de ter feito o Hino de Araraquara. “É uma felicidade imensa ver que criaram uma lei para proteger o hino”, finalizou Apparecida Aguiar.