
A grande campeã do carnaval paulista foi a sétima escola a desfilar neste sábado (28) pelo Grupo Especial. O enredo ‘O Xamã Devorado y a Deglutição Bacante de Quem Ousou Sonhar Desordem’ homenageia o dramaturgo araraquarense Zé Celso Martinez.
A Escola de Samba Vai-Vai, maior campeã do Carnaval Paulistano, começou o seu desfile por volta das 5h da manhã, neste domingo (02), quando o dia já estava raiando no Sambódromo do Anhembi. Este foi o segundo dia de desfile na Zona Norte da capital.
Neste ano, o desfile da escola homenageou o dramaturgo araraquarense Zé Celso Martinez, morto em 2023 com o samba-enredo – “O xamã devorado y a deglutição bacante de quem ousou sonhar desordem”, cujos autores são Naio Denay e Francis Gabriel com a interpretação de Luiz Felipe.
Entre os tantos acontecimentos deste carnaval, uma homenagem especialmente paulistana: a Vai-Vai, do Bixiga, celebra a vida de uma grande figura da arte brasileira, o diretor Zé Celso Martinez.
O carnavalesco por trás da homenagem é Sidnei França, que neste ano foi convidado para idealizar o cortejo de uma das principais representantes do Rio de Janeiro: a Mangueira. São duas grandes escolas em cidades diferentes, ao mesmo tempo — França sabe o exato tamanho do desafio.
Em São Paulo, o enredo O Xamã Devorado y A Deglutição Bacante de Quem Ousou Sonhar Desordem encerrará os desfiles do sábado (1o).
O cortejo começa com um grande banquete no qual a escola “devora” Zé Celso. “Não é só uma homenagem ao diretor e ao Teatro Oficina, é uma homenagem também à Bela Vista e ao Bixiga”, diz Fernando Romano, membro da direção de Carnaval da escola.
Todas as fases da carreira do artista serão representadas na avenida, com referências a diversos espetáculos, presença de figurinos originais de peças e homenagem a Cacilda Becker (1921-1969).
“O Oficina, na arquitetura, é inspirado em um sambódromo, e sempre foi um desejo grande do Zé ter um enredo sobre a companhia”, diz Camila Mota, atriz e diretora na Companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona.
CONHEÇA A LETRA
Meu alvinegro, manto sagrado (bis)
Raiz coroada em tantos carnavais
Quem nunca viu o samba amanhecer
Vai no Bixiga pra ver
Só no Bixiga pra ver
Raiou
No mais insano ritual
Vai-Vai
Neste banquete cultural profano
Devora a arte
A essência de um sonhador
Bacante vem ver um ser genial
Mundano no viver
Quanto prazer
Sua obra vou saborear
E reviver até eternizar seu mundo louco
Pois Zé, revolução deu Oficina
Ôh Zé, sua desordem teatral
É Zé, inspiração da Bela Vista
Zé referência
É xamã, é carnaval
Na ousadia da liberdade
Tropicalista na vadiagem
No caos, repressão
Entra em cena a coragem
A luz nua e crua da sua verdade
Tem fogo ardente de quem é virado no Exu
Volta, Zé… Ao som da minha batucada
Assina a direção dessa folia popular
Quilombo Saracura… Evoé, Saravá!