
Ouvido pelo delegado Claudemir Pereira da Silva, de Taquaritinga, neste final de semana, o menor suspeito de participar do assassinato do ex-prefeito da cidade Vanderlei Mársico e apreendido em Tijucas, perto de Itapema, em Santa Catarina, contou o que aconteceu na residência durante o que se considera até o momento, como latrocínio.
Após o depoimento do menor, o delegado nesta segunda-feira (14) deu uma coletiva à imprensa, entendendo ser fantasiosa a história descrita, misturando fatos com elementos que as autoridades não acreditam como – a forma com que adentraram à residência da vítima e a razão de uma suposta vingança contra Mársico.
Segundo a polícia, o jovem misturou fatos e deu algumas versões repletas de fantasias, buscando justificar o crime com suposta discussão nascida no bairro São Sebastião, quando o ex-prefeito teria negado carona ao adolescente. Contudo, essa alegação é vista com reserva e até mesmo ceticismo pelos investigadores.
Segundo o delegado responsável pelo inquérito, o menor negou revelar os nomes de outros envolvidos no crime, porém assumiu a culpabilidade na morte do ex-político de 78 anos de idade. Ele contou que – para fugir de Taquaritinga até Santa Catarina, disse ter pegado um táxi para Ribeirão Preto e, de lá, usado um aplicativo de caronas.
O assassinato brutal do antigo prefeito de Taquaritinga (SP), na verdade ganhou novos contornos após o depoimento do principal suspeito, apreendido em cidade litorânea de Santa Catarina onde tem parentes. Isso por conta do invencionismo, isentando terceiros por causa da sua idade.
Ao fazer sua narrativa o menor que tem diversas passagens pela Fundação Casa por tráfico de drogas e furtos disse ter pulado o portão e encontrado a porta dos fundos da casa aberta, indo direto ao quarto, onde Mársico dormia. Alegou que, ao ser surpreendido, aplicou um ‘mata-leão’ para imobilizar a vítima. Houve reação, e ele o agrediu com tapas e socos até o ex-prefeito perder os sentidos”, detalhou o delegado.
O menor ainda contou que, antes de fugir, percebeu que Mársico tentava reagir e, por isso, teria introduzido uma meia em sua boca, o que o fez desmaiar novamente. Mesmo após a violência, o adolescente declarou que o ex-prefeito ainda estaria vivo quando deixou a residência.
PURA FANTASIA DO ADOLESCENTE
A motivação apresentada — uma briga por carona — não convenceu o delegado. “Ele disse que pediu uma carona ao ex-prefeito no bairro Jardim São Sebastião, e diante da recusa, houve troca de ameaças. Depois disso, começou a arquitetar o crime”, afirmou o delegado. “Mas essa versão não se sustenta. Ele mistura realidade e fantasia”, completou a autoridade.
O delegado assegura que a Polícia Civil trabalha com a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte), pois além do carro, o celular e uma corrente de ouro da vítima também foram levados. Ele afirma que nenhuma possibilidade está descartada — nem crime político, nem passional.
Câmeras de segurança obtidas pela polícia em uma outra casa vizinha apontam que pelo menos três homens pularam o portão e entraram na residência, onde permaneceram por 55 minutos. Após praticar o crime o adolescente afirma ter saído dirigindo o carro de Mársico, na contramão.
Na coletiva o delegado disse:”Ele fala que passou pelo Jardim São Sebastião e depois resolveu, nas palavras dele, ‘dar um rolê’ com o veículo e acabou abandonando ele na via SP-333 na rodovia sentido Jaboticabal, Taquaritinga. Versão que talvez não seja verdadeira porque na rodovia não foi localizado o veículo, o que seria facilmente encontrado na rodovia porque lá é movimentado”, explicou a autoridade.
Quando questionado sobre como encontraram pistas que levassem a polícia ao criminoso, Claudemir respondeu que “por ocasião do encontro do corpo, foram iniciadas as investigações e notamos que foi subtraído o telefone celular da vítima, sendo possível o rastreio inicial do aparelho. O aparelho foi rastreado e levou a polícia a uma casa onde ele permaneceu por um tempo antes de ser desligado. Nessa casa, identificados os moradores e o menor, o adolescente suspeito mora nessa casa”, detalhou o delegado.
Para fugir de Taquaritinga até Santa Catarina, o adolescente disse ter pegado um táxi para Ribeirão Preto e, de lá, usado um aplicativo de caronas para chegar até Tijucas.