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Beto Caloni, um gênio genioso

Por Coca Ferraz

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Que o Beto era dotado de inteligência superior, ninguém discorda. O “cara” foi grande em diversos campos: jornalista (foi notável a sua passagem pelo O Diário da Araraquarense onde começou e depois pelo “O Imparcial”), historiador e compositor. Como intérprete musical era razoável, como ele mesmo dizia.

Mas que o Caloninho (como, às vezes, eu carinhosamente o chamava), era genioso, isso ele era – e por demais da conta. Era um compositor inspirado. É dele a música “Flanando no Bulevar”, que considero um hino de Araraquara. Juntos (99% ele e 1% eu) compomos a música “Minha Gente”, que fala das cidades da nossa região. Ele tem muitas composições magníficas que eu várias vezes insisti para levarmos a um estúdio para gravar. “Bicho” teimoso, nunca quis.

A meu pedido compôs várias músicas para pessoas da minha família, todas maravilhosas. Em especial a do meu neto e a da minha mãe. Também compôs músicas, que tiveram grande sucesso, para as cidades de Ilha Solteira, Votuporanga e Rio Verde (esta no final do ano passado). O prefeito de Ilha Solteira ficou apaixonado pelo genial refrão da música: “E Ilha Solteira, que enfeita o Rio Paraná, tão deixando mais bonita, tão querendo te casá”.

Sob a sua batuta e do Flávio Cabau, fizemos dois notáveis clipes (um das cidades da região e outro do “The Jungles”, um dos maiores conjuntos musicais do passado em Araraquara – este com narração do jornalista Magdalena).

Também fizemos um show musical com os antigos integrantes do “The Jungles” no Teatro Municipal. Tudo isso está registrado na Internet. Escreveu muitos textos sobre a história de Araraquara e região. Recentemente, me disse que estava finalizando um livro sobre a história do estado de São Paulo.

Há alguns anos, consegui patrocínio para ele escrever um livro sobre o nosso ex-prefeito De Santi. Ficou ótimo, mas como havia dois trechos um tanto quanto agressivos, sugeri a ele para retirar. Disse que não retiraria e ainda brigou comigo. Como ele brigou e eu não, continuamos amigos.

Agora, terreno livre. Vou combinar com a família dele para editarmos o livro e gravarmos as suas maravilhosas composições. E vamos fazer uma grande festa em homenagem a ele. Rabugento como é vai ficar “puto” da vida onde estiver. Que fique, mas como eu vou demorar em reencontrá-lo, estou prevendo para só daqui a 50 anos, ele, até lá, certamente já terá esquecido o episódio.


*Coca Ferraz, é engenheiro, professor da USP (Universidade de São Paulo) e escreve para o RCIA.
**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR