
A Lupo acaba de inaugurar sua primeira loja econtainer construída com tijolos produzidos integralmente a partir de resíduos têxteis gerados pela própria indústria. A unidade está localizada em Roseira, no Vale do Paraíba, em São Paulo, no mini mall do Posto Arco-Íris, espaço conhecido por abrigar operações sustentáveis em formato container, e fica em um ponto estratégico que recebe aproximadamente milhares de visitantes por ano.
O projeto marca uma nova etapa na estratégia de sustentabilidade da Lupo. A unidade foi construída com blocos desenvolvidos pela Wolf, empresa de Araraquara especializada em soluções termoplásticas. Os tijolos são produzidos com resíduos de poliamida resultantes do processo fabril da Lupo.
Segundo a diretora-presidente da Lupo, Liliana Aufiero, a iniciativa é um marco para a empresa. “Esta loja representa a materialização do que acreditamos sobre responsabilidade ambiental. Estamos transformando um resíduo que antes era um desafio em um ativo capaz de gerar impacto positivo e abrir novas possibilidades para a marca. Com essa solução conseguimos fechar o ciclo da nossa cadeia produtiva causando o menor impacto ambiental possível”, afirma.
A Wolf surgiu a partir de uma demanda da própria Lupo para encontrar uma solução para o descarte adequado dos resíduos de poliamida. Em 2007, recicladores tradicionais passaram a rejeitar o material por considerá-lo contaminante. Isso motivou o desenvolvimento de uma tecnologia capaz de triturar, aquecer e transformar o resíduo em grãos termoplásticos que, posteriormente, são injetados em moldes que originam os tijolos utilizados na obra.
O CEO da empresa, Alessandro Gadelha, destaca que a marca atingiu um patamar inédito. “Hoje conseguimos produzir blocos estruturais 100% feitos do resíduo têxtil da Lupo. É uma solução totalmente circular e com alto desempenho técnico, algo que não existe em nenhum outro lugar do mundo”, destaca ele.
TIJOLOS FEITOS DE DESCARTE DE TECIDOS DE POLIAMIDA
Os tijolos utilizados pesam cerca de 1 quilo cada e são montados por encaixe, sem necessidade de cola, argamassa, cimento ou água. A construção é realizada sobre um radier simples, com ancoragem feita por chumbadores e barras roscadas que garantem estabilidade mesmo em condições climáticas extremas. Testes realizados pela Wolf demonstram que os blocos suportam até 18 toneladas de compressão, índice superior ao de blocos tradicionais de concreto. A performance térmica e acústica também são diferenciais, além de serem retardantes à chamas.
A montagem da loja ocorreu em ritmo acelerado. Após o radier ser concretado, todas as paredes foram erguidas em apenas três dias. Internamente, a estrutura recebeu pintura direta sobre o bloco, sem a instalação de gesso ou outros revestimentos, o que reduziu o uso de materiais adicionais. A unidade terá cerca de 40 metros quadrados e seguirá o layout tradicional da Lupo, com exposição das principais linhas de produtos e espaço para comunicação educativa sobre o processo de reciclagem.
Segundo Carolina Pirola, gerente de Expansão e Implantação de Franquias, a econtainer abre caminho para um modelo de expansão mais rápido e acessível. “Estamos falando de uma solução modular, sustentável e escalável. A loja de Roseira é um piloto que pode ser replicado em postos de gasolina, centros comerciais, supermercados e diversos formatos de rua. Queremos testar a aceitação do público e, a partir disso, estudar a viabilidade de levar esse conceito para outras regiões do Brasil”, comenta a arquiteta. Ela destaca que o uso desse material otimiza o tempo de construção, reduzindo entre 30 a 50% do tempo em comparação com uma construção tradicional. A marca também estuda métricas de impacto ambiental relacionadas à redução de resíduos, economia de água e diminuição da pegada de carbono, que devem ser mensuradas ao longo dos primeiros meses de funcionamento da loja.
Além da inovação arquitetônica, a loja terá um espaço dedicado à conscientização ambiental do consumidor. A unidade incentivará que clientes deixem no local as embalagens de suas compras, que serão encaminhadas a cooperativas e ONGs de Roseira, Guaratinguetá e Aparecida. A ideia é ampliar em todas as vertentes as práticas de economia circular e, além disso, envolver parceiros locais no processo de redução de resíduos sólidos.
A Lupo afirma que está avaliando indicadores de desempenho da nova unidade, como fluxo de visitantes, conversão de vendas e impacto na comunidade do entorno. Os resultados serão essenciais para definir a expansão do projeto. “Estamos abrindo uma porta para uma nova forma de construir, pensar e operar no varejo. A Lupo econtainer nasce como um laboratório vivo e acreditamos que pode se transformar em modelo de negócios totalmente coerente e alinhado com as necessidades atuais, além de interessante do ponto de vista de negócios”, conclui Liliana Aufiero.













