A Prefeitura do Rio de Janeiro usou uma série de imagens de um livro que não estava na Bienal para justificar os sucessivos pedidos para apreender obras.
No pedido de censura feito ao Tribunal de Justiça do estado, por exemplo, para amplificar seu argumento, o prefeito Marcelo Crivella enviou ao presidente da corte, Cláudio de Mello Tavares, imagens do livro As Gêmeas Marotas.
A obra em nome de um suposto autor holandês chamado Brick Duna é uma sátira que foi lançada em Portugal em 2012, com tradução de Maria Barbosa.
O livro não é voltado ao público infantojuvenil. É uma sátira dos livros infantis do holandês Dick Bruna, morto em 2017, conhecido pelo personagem Miffy, um coelhinho de traços simples. Daí, aliás, o pseudônimo que assina o título, Brick Duna.
Ele também não estava à venda em nenhum dos estandes da Bienal do Livro, segundo a organização da feira.
As mesmas imagens foram apresentadas pela prefeitura no recurso contra a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que suspendeu a decisão que permitia apreensão dos livros. As imagens estão circulando nas redes sociais como se fosse de um livro que estivera na Bienal do Rio, encerrada neste domingo (8/9).
As fotos encaminhadas mostram o livro exposto num estande, com preços em euros. Além disso, o texto está com a grafia de português de Portugal, como é possível ver já na capa da obra, onde está escrito gémeas, e não gêmeas.
No recurso ao STF, a prefeitura do Rio voltou a questionar também a história em quadrinhos Vingadores – Cruzada das Crianças, em que dois personagens homens se beijam.
Sobre essa publicação, tanto o ministro Dias Toffoli quanto o ministro Gilmar Mendes já se manifestaram, afirmando que não há nada que proíba o seu conteúdo.