A maioria dos brasileiros entende que a educação tem reflexo direto na renda e na empregabilidade de cada indivíduo. De acordo com uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Todos Pela Educação, 73% dos entrevistados acreditam que, quanto mais tempo de educação uma pessoa tiver, maior será o salário dela. Além disso, para 71% dos que responderam ao questionamento, as altas taxas de desemprego no país têm relação com o baixo nível da educação.
O diretor geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi, afirma que essa realidade não é uma particularidade do Brasil. Para o especialista, um sistema educacional mais igualitário seria uma das soluções para reverter esse quadro.
“É importante nós assegurarmos equidade de oportunidade, e isso é fundamental na geração de política pública. É importante nós termos uma escola pública bem administrada, a que dê esse sentido de emancipação, sobretudo para o jovem de baixa renda”, comenta.
Ainda segundo o levantamento, nove em cada dez brasileiros concordam total ou parcialmente que um ensino de baixa qualidade prejudica o desenvolvimento do país. Avaliando esse panorama, Rafael Lucchesi ressalta que a educação brasileira precisa se aproximar do mundo do trabalho, preparando o jovem para o ambiente profissional.
“Nós temos uma produtividade de trabalho baixa e que está estagnada há muitos anos. Então, a chance de melhorar a renda per capta no Brasil está fortemente associada a ganhos de produtividade que, por sua vez, só serão possíveis se nós melhorarmos a qualidade da educação”, explicou o especialista.
Dados da pesquisa também apontam que 26% dos entrevistados consideram o ensino médio no Brasil como ruim ou péssimo. Em 2013, o índice era de 15%.
O senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que é titular na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, destaca que, o grau de insatisfação dos brasileiros com a educação se dá, principalmente, pela falta de estrutura nas escolas públicas. “Se tem uma coisa que mostra como o Brasil não dá valor a escola, é chamar de escola o que a gente ver por aí: prédios caindo aos pedaços, sem água, sem luz”, disse.
O parlamentar lembra ainda que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente com o nível de educação das pessoas que estão procurando emprego. “Está aumentando a brecha entre as necessidades da educação para enfrentar o mundo moderno e a educação que estamos dando ao nosso povo. Até alguns anos atrás, uma pessoa que não soubesse ler era capaz de encontrar um emprego, como por exemplo, cozinheiro. Hoje, para ser cozinheiro de um grande restaurante tem que saber ler, porque a exigência é maior”, exemplificou o congressista.
A pesquisa encaminhada pela CNI com o Todos Pela Educação ouviu foi duas mil pessoas em 126 municípios, entre 15 e 20 de setembro de 2017. O levantamento foi feito pelo Ibope Inteligência.