Moradadores em acampamento no Largo do Paissandú após incêndio e queda do prédio (Foto: © Reuters / Stringer)
Após a divulgação no jornal O Imparcial, edição desta terça-feira (8) e também pela imprensa brasileira revelando a participação de uma assessora da deputada estadual Márcia Lia nos movimentos de moradia em São Paulo, a denúncia avançou nesta quarta-feira. Edinalva Silva Franco, Assistente Parlamentar VI da deputada, com salário mensal de R$ 6.800,14, teve seu nome envolvido nos noticiários após o incêndio em um prédio de moradores sem-teto no Largo do Paissandú, centro de São Paulo.
Nesta quarta-feira (9), o Portal Brasil ao Minuto (Folha Press) divulgou uma nova matéria, acusando a assessora de Márcia Lia, de pressionar os moradores sem-teto que estavam com o aluguel atrasado.
MATÉRIA DO BRASIL AO MINUTO
“Quem está aberto em abril, eu aconselho vir urgente acertar. Quem não vier, à noite estarei na porta. Nem se for 2h da manhã eu vou bater para cobrar.”
“Senhores porteiros da rua Marconi: a Conceição, do 4º andar, o prazo dela acaba no domingo. A partir de segunda ela não entra mais no prédio, só se for para retirar as coisas.”
As frases acima estão no grupo de WhatsApp de moradores e coordenadores do MMPT (Movimento Moradia Para Todos). A autora dos áudios é Ednalva Franco, líder do movimento que controla quatro prédios -na Bela Vista, na Mooca e no Centro (rua Marconi e Capitão Salomão).
Filiada ao PT desde 1990, Ednalva Franco é assessora da deputada estadual Marcia Lia (PT-SP) e conhecida ativista sem-teto de São Paulo. É Ednalva que aparece num episódio de 2013 do “Profissão Repórter” saindo com uma SUV nova da garagem de um prédio na República.
“Porteiros, eu vou passar todos os nomes das pessoas que o prazo acaba até domingo. Inclusive a Luciana, do 309”, diz ela em outra mensagem do grupo. “Vou passar toda a lista pra vocês na portaria assim que eu terminar.”
Depois que escrevi sobre o modelo de negócio dos líderes de movimentos sem-teto, na semana passada, ex-moradores me procuraram denunciando abusos, ameaças e a cobrança de aluguel de R$ 200 a R$ 500 por parte dos coordenadores.
“Além do aluguel, a coordenadora sempre inventa uma taxa nova para o pessoal pagar”, me disse um ex-morador do edifício São Manuel, na rua Marconi, que não se identifica por temer represálias. Ele calcula que os alugueis só desse edifício rendem pelo menos R$ 35 mil por mês ao movimento”.
Na edição desta terça, d’O Imparcial, a assessoria de imprensa da deputada Márcia Lia disse em nota que “o mandato da parlamentar trabalha para que os imóveis sem função social, que apenas servem à especulação imobiliária, sejam disponibilizados para fins de reforma urbana e moradia digna às famílias sem teto”.
Para o público existem duas situações no caso da cobrança junto aos sem-teto: legalidade e imoralidade – o que viralizou pela rede social, condenando a atitude dos envolvidos que acabam transformando determinadas situações, como invasão de prédios desocupados, em balcão de negócios, valendo-se da miserabilidade das famílias.