Após um início de ano com relativa melhora nos resultados do varejo araraquarense, o novo coronavírus e a posterior suspensão das atividades comerciais impactaram profundamente às expectativas de crescimento. Com esse cenário estabelecido e a consequente recessão do comércio, as perdas de faturamento devem aumentar em maio.
Considerando todos os segmentos que compõem o varejo de Araraquara, a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV) realizada pela FecomercioSP projeta para este mês um recuo de até 28% na comparação com o mesmo período de 2019 – equivalente a perdas de aproximadamente R$ 500 milhões no faturamento mensal. Segundo o levantamento, as atividades que deverão sofrer os maiores impactos são de comércio de móveis e decoração (-97%), concessionárias de veículos (-76%) e lojas de autopeças e acessórios (-71%).
Projeção do faturamento real para o mês de maio/2020 – Araraquara (PCCV)
Fonte/Elaboração: FecomercioSP
* Valores estimados em R$ Mil a preços de fev/20 ** Lojas de Departamentos
Os dados, analisados pelo Núcleo de Economia do Sincomercio, revelam um cenário ainda pior quando é feito um recorte das atividades mais sensíveis ao Dia das Mães, ou seja, aquelas que, habitualmente, registram alta nesse período. Nesse sentido, o estudo aponta que as perdas devem ser maiores sobre os segmentos de móveis e decoração novamente (-97%), lojas de departamento, eletrodomésticos e eletrônicos (-81%) e vestuário, calçados e acessórios (-72%).
Projeção sobre o impacto nas vendas no dia das mães – Araraquara (PCCV)
Fonte/Elaboração: FecomercioSP
* Valores estimados em R$ Mil a preços de fev/20 ** Lojas de Departamentos
Para aprofundar o entendimento sobre a percepção dos comerciantes em âmbito municipal, o Sincomercio de Araraquara também consultou 15 lojistas que atuam nestes segmentos mais sensíveis. Os empresários relataram um forte declínio das receitas e baixas expectativas devido à crise sanitária.
“Havia uma recuperação gradual das vendas entre os últimos meses de 2019 até fevereiro de 2020. Porém, a medida que impossibilitou o funcionamento das atividades não essenciais interrompeu a melhoria observada até o início do ano. Sem vender, algumas empresas acumulam estoques e ressaltam que as negociações on-line estão muito aquém do necessário para cobrir os custos operacionais, como o pagamento de fornecedores, aluguéis e salários”, explica João Delarissa, pesquisador do Núcleo de Economia do sindicato.
Para contornar esse problema e tentar ampliar o volume de vendas para manter os negócios em funcionamento, o comércio de produtos não essenciais vem testando novas formas de atenuar a queda de faturamento, respeitando os decretos de restrição à circulação de pessoas e mantendo o isolamento social.
“Além da utilização das redes sociais e demais canais digitais, as lojas vêm implementando novas formas de entrega, como o sistema de delivery e a operação de drive-thru, que permite a retirada dos produtos no estacionamento das lojas com hora e data previamente agendadas. Mas nem a utilização das plataformas virtuais, nem os novos métodos devem evitar a queda expressiva nas vendas de Dia das Mães neste ano”, comenta Marcelo Cossalter, também pesquisador do Sincomercio.
No contexto do Estado de São Paulo já existe a evidência da queda da atividade econômica. O repasse do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do Estado para os municípios caiu aproximadamente 17% após o início da crise sanitária. “O maior efeito da interrupção do mercado de trabalho deve ocorrer entre os dias 11 e 25 de maio, com a provável conversão das reduções de contrato de trabalho em demissões. Até a primeira quinzena de abril o número de pedidos de seguro desemprego não registrava os efeitos da crise, prova de que os empresários do setor varejista estão fazendo o que podem para resistir”, avaliam os pesquisadores.