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Eles fizeram a nossa história: Indústria de Bebidas Da Valle e Essências Crisci

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Historia 01

Texto: Roberto DolfiniHistoria 01Orlando Da Valle e Henrique João Baptista Crisci

Naquele 22 de março de 1962, uma quinta-feira de tempo encoberto, quem descesse pela Rua Gonçalves Dias logo veria o relógio do Lupo anunciando uma hora da tarde. Era aquele, o momento em que alguns jovenzinhos – com pouco menos de 14 anos – entravam para lavar as garrafas usadas na produção da Indústria de Bebidas Da Valle, uma das mais famosas da região. Orlando Da Valle ficava na porta a olhar um a um destes meninos, entre eles, o Lelé do Açougue (Orestes Zenatti) e o Joãozinho, ponta direita do Bangu do Lalo.

Poucos sabem no entanto, que a Bebidas Da Valle teve a participação societária de Henrique João Baptista Crisci, em 1944. Ele – fabricante de essências – fornecia os aromas para as bebidas que a indústria começou a fabricar.

Indústrias da ValleLogomarca da indústria com o litro de FQF em destaque

A Fábrica de Essências Crisci desde o dia primeiro de janeiro de 1944, ganhou o mercado e tornou-se uma das empresas mais conceituadas no setor em todo o Estado de São Paulo. Seu fundador ao constituir a fábrica, decidiu denominá-la – Henrique B. Crisci e 20 anos depois (64), ela se transformou em Essências Crisci, nome perpetuado no campo industrial. A atividade inicial da empresa era produzir aromas para balas, doces e refrigerantes, além de extratos para bebidas.

A constituição de uma sociedade com Orlando Da Valle foi portanto em razão dos conhecimentos de Crisci no fornecimento do extrato, nascendo entre os vários produtos o F.Q.F., fabricado na Rua Gonçalves Dias, 747, entre as avenidas José Bonifácio e Feijó. Na lista das bebidas colocadas no mercado estavam o Creme de Cacau, Fernete, Xaropes, Vinagre sabor branco e o FQF, carro-chefe promocional da empresa. Logo depois do almoço, os caminhões da transportadora iam parando pela Rua 1 para apanhar as cargas montadas na parte da manhã.

Orlando era um industrial de peso na cidade, fora presidente da Associação Comercial e Industrial de Araraquara no período de 1942 a 1948, cumprindo dois mandatos em plena Segunda Grande Guerra.

Alguns anos depois a sociedade se separou: Crisci ficou com sua fábrica de essências (hoje com o filho Marcos Crisci) e Da Valle continuou com as bebidas, porém, após um incêndio a empresa praticamente fechou as portas, vendendo a marca F.Q.F. para a Primor em Jaú, uma fábrica de bebidas que teve em 2011 sérios problemas de ordem tributária.

409Rótulo do F.Q.F. fabricado pela Primor nos anos 70, hoje é vendido na Internet por R$ 2,00 para colecionadores