Ex-diretor deverá ocupar cargo na FPF
Na manhã desta sexta-feira, a Ferroviária anunciou a saída do diretor executivo (CEO), Pedro Martins, do clube.
Ao que tudo indica, o agora ex-diretor afeano deverá ocupar um cargo na Federação Paulista de Futebol, já que Reinaldo Carneiro Bastos foi reeleito presidente da entidade nesta quinta-feira.
Durante a Série D do Brasileirão, o então dirigente havia desmentido sobre a sua saída da Locomotiva para ocupar um cargo na entidade paulista e também sobre a vinda de Roque Júnior como diretor de futebol, hoje cargo ocupado pelo mesmo no clube.
Em carta aberta, Martins confirma que o clube terá uma nova gestão, que deverá ser anunciada em breve.
Após passagem pelo Atlético-PR, onde este envolvido na parceria entre os clubes, Pedro Martins chegou oficialmente à Ferroviária em março do ano passado, depois da saída do diretor de futebol, José Manoel Evaristo, em meio à crise que o clube passava e lutou contra o rebaixamento no Campeonato Paulista.
No segundo semestre daquele ano, participou da montagem do elenco para a Copa Paulista, o qual sagrou-se campeão e levou a equipe a Série D do Brasileirão de 2018.
Este ano, a Ferroviária brigou novamente contra o rebaixamento e se manteve na elite do Paulistão. Já na Série D, a equipe fez uma campanha abaixo do esperado e ficou na primeira fase da competição.
A assessoria do clube divulgou uma carta aberta deixada pelo ex-diretor. Confira abaixo:
Caros,
Escrevo esta carta para me despedir da função de Diretor Executivo da Ferroviária de Araraquara. Ao longo desta jornada, tive o imenso prazer de participar das rotinas deste clube através de dois cenários distintos: no primeiro, através da parceria com o Clube Atlético Paranaense, iniciada em 2014, e depois como colaborador em 2017.
Durante o exercício desta função, pude perceber e valorizar o esforço realizado pelos abnegados que aqui passaram, a reconstrução desta instituição é fruto do suor de pessoas que acreditaram no crescimento e no sucesso desta organização, que sempre representou e levou o nome de Araraquara mundo afora.
Através da construção do acesso para a Série A1 do Campeonato Paulista, vivenciamos os percalços ocasionados pelos descensos consecutivos, batalhamos com as dificuldades e os desafios financeiros, bem como desfrutamos do alívio do fim de uma longa espera, que já durava 19 anos.
O acesso de divisão trouxe com ele novos desafios e exigências, a Série A1 de 1996 não tinha semelhança alguma com a de 2016, as demandas por investimento em planejamento, organização, infraestrutura, staff e atletas eram urgentes. Estava nítido que a Ferroviária precisava mudar a sua mentalidade corporativa, para que esta oportunidade única se transformasse em um projeto de futuro para o clube.
Entre as rotinas incessantes e jogos constantes, assumimos o compromisso de pensar no futuro da instituição diariamente. Mesmo com as brigas por resultados, sejam elas pelo título ou pela permanência, jamais deixamos de sonhar e refletir sobre a perenidade de um modelo que procura subverter a lógica atual da indústria. Compreendemos que a elite do futebol nacional é extremamente restrita e que são poucos os clubes que conseguem permanecer com constância entre as Séries A e B do Campeonato Brasileiro. Em função disso, vimos que o caminho trilhado deveria procurar a solidez institucional ao invés de sonhos esporádicos, buscar pilares financeiros consistentes em detrimento de investidores pontuais, visar a modernidade ao contrário de escolher o lugar comum.
Somente através de um plano que compreendesse as necessidades presentes e futuras da Ferroviária, conseguiríamos reconectar esta organização com os valores constituídos ao longo de sua história. O desafio de retomar vínculo com a sociedade local, buscando uma nova representatividade em Araraquara, não é simples e exige muita resiliência e paciência.
Durante os últimos anos, foi criada uma política interna para que a Ferroviária pudesse angariar e selecionar um staff extremamente comprometido e talentoso. O investimento em recursos humanos fez com que o clube evoluísse consideravelmente na constituição de processos e aplicação de critérios organizacionais, dentro e fora do campo. Ainda há um grande caminho a percorrer, mas não há dúvidas que a cultura da construção coletiva e do debate irá pavimentar o sucesso deste clube.
Serei sempre grato ao presidente Carlos Salmazo, pelo aprendizado diário e por me oferecer a oportunidade de gerenciar o clube de minha cidade natal, a equipe que me ensinou a amar o futebol. Fico na torcida e confiante no crescimento de um projeto que procura, acima de tudo, orgulhar os araraquarenses.
Um grande abraço,
Pedro Martins
Crédito da foto: Divulgação/Ferroviária