Lei existente proíbe instalação de circos que mantém animais como atração, a realização de rodeios e também circulação de carroças e charretes por causa do peso que carregam
Padre promove a benção da comitiva na Igreja Nossa Senhora Aparecida
A chamada Cavalgada da Fé, um dos eventos mais tradicionais da cidade, organizado dentro da programação em louvor à Nossa Senhora Aparecida e que já vive sua décima quinta edição, na semana que entra deve dar o que falar. A direção da paróquia poucos dias antes da realização da cavalgada foi notificada para abolir da sua programação pelo menos duas atrações: Alvorada e Cavalgada da Fé, por ocasionarem problemas para os animais, indo de danos à saúde aos maus tratos.
A decisão sobre proibir tais atrações foi do Conselho Municipal de Proteção aos Animais, que tem como presidente Sebastião Barbosa. O órgão está vinculado a Prefeitura Municipal que promove a escolha dos conselheiros e estes elegem um presidente.
Cavalgada começou na Ferroviária e foi até o Pinheirinho
Além da notificação encaminhada ao padre Nelson, a vereadora Juliana Damus também entrou na briga e saiu em defesa dos animais apresentando projeto com o objetivo de proibir o manuseio, a utilização, a queima e a soltura de fogos de estampido e de artifícios, assim como qualquer artefato pirotécnico de efeito sonoro ruidoso, em todo o território do município, não apenas no tocante a igreja e valendo para recintos fechados e abertos, áreas públicas e locais privados.
Para a vereadora, a proposta visa o bem estar de idosos, doentes, bebês, crianças e animais, que sofrem com a prática. Os animais que tem mais sensibilidade auditiva, como cães, gatos e aves sofrem mais com o ruído da queima de fogos, ficando estressados; alguns chegam a sofrer convulsão e ferimentos.
Alguns chegam a sofrer acidentes na ânsia de fugir dos ruídos provocados pelos fogos de artifício e de estampidos. “É preciso que tenhamos uma nova cultura de respeito às pessoas e aos animais, além de evitar tantos acidentes graves. Vamos fazer esta reflexão e mudar os hábitos”, concluiu Juliana, que também pediu o cancelamento da cavalgada.
A CAVALGADA DA FÉ
Por força da lei cavalgada poderá ser abolida, tanto quanto foi dos circos, rodeios e carroças
Nesta sexta-feira (12) cerca de 350 pessoas, entre cavaleiros e amazonas participaram da cavalgada que alegam ser uma homenagem a Nossa Senhora Aparecida. Da concentração ocorrida na Praça Scalamandré Sobrinho (Arena da Fonte), a cavalgada saiu em direção à Igreja Nossa Senhora Aparecida, na Vila Xavier e lá os padres Nelson e Willian promoveram a benção das comitivas, inclusive animais puxando charretes.
Após a festa o presidente do Conselho Sebastião Barbosa disse que gostaria que a lei prevalecesse, pois as pessoas que costumam realizar ou participar deste tipo de atividade, levam os cavalos utilizados a intenso sofrimento e maus-tratos, embora entenda que a própria montaria efetuada nesses animais, por si só, é crueldade.
Dias antes, no pedido de cancelamento o Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais fez também constar que “o bridão, que os exploradores usam para frear e comandar o cavalo, é uma tortura à boca do animal, machuca e provoca dores na gengiva e no nervo trigêmeo, que atinge toda a cabeça do equino.” Bridão, é uma peça de metal presa a boca do cavalo.
Não bastasse, diz a carta enviada ao padre Nelson, a espora também usada, é um instrumento de ferro para dar pancadas com a parte traseira da bota no abdômen do cavalo para que ele obedeça aos comandos do seu condutor por meio da dor, além das chicotadas e do peso da pessoa montada nas suas costas, que lesionam a sua pele e a sua coluna, face as longas distâncias percorridas por esses animais sob sol escaldante, asfalto quente e frequentes esgotamentos nas subidas e descidas pelas vias públicas da cidade.
MANIFESTAÇÕES
Pessoas que acompanharam a cavalgada alegam nas redes sociais que ocorreram problemas e não tinham como oficializarem a denúncia pois não havia fiscalização da Prefeitura.
Exaustão do animal, diz uma internauta
Outra manifestação: e a lei que proíbe animal puxando carroça…
Sebastião Barbosa conta que tem procurado com o apoio dos companheiros de diretoria, exigir o cumprimento das leis criadas pelo Poder Legislativo, uma delas inclusive, é a Lei Complementar Municipal n° 877/2016 e o Decreto Municipal nº 11.297/2016 proibindo o emprego de animais para condução de carga (carroças) nas áreas urbanas do município, bem como a Lei Federal nº 9605/98 (Lei de Crimes Ambientais) que prevê como crime, em seu Art. 32, os maus-tratos contra os animais, até mesmo o seu uso em espetáculos circenses, cavalgadas e rodeios.
“Acreditamos que a tradição e cultura não são justificativas válidas e aceitáveis para que se promova a continuidade de atividades que atualmente são facilmente perceptíveis como cruéis, sádicas e desnecessárias e que sempre é tempo para evoluirmos e construirmos novos costumes baseados na ética, na sustentabilidade e no respeito ao meio-ambiente e aos animais”, afirma Barbosa, que diz estar encontrando sempre problemas desta ordem, razão pela qual busca resolver com a compreensão de todos.
A benção dos motociclistas
Na mesma oportunidade ocorreu a benção dos motociclistas, considerada uma outra atração do movimento religioso que todo ano acontece em nossa cidade.
Houve durante o acontecimento por parte dos organizadores a preocupação de conscientizarem os participantes em não promoverem maus tratos aos animais e o trajeto – Fonte, Vila e Pinheirinho – onde concluiu-se a programação com almoço regado à costela no chão. Nas redes sociais, muitos condenaram a organização e a falta de fiscalização por parte da Prefeitura.