Home Artigo

Filhos de Abraão, parem de guerrear!

Por Walter Miranda

750

“E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimentos. E assim se fez.” (Gênesis 1-28 e 30)

Tenho aprendido, lendo o evangelho, que judeus e árabes são povos filhos de Abraão que, segundo alguns historiadores, viveu 175 anos, entre 1812  e 1637 anos antes de Cristo. Não é fácil entender claramente a história dos seres humanos que convivem há milhares de anos na região do Oriente Médio e Ásia.

Sempre que leio a Bíblia, vejo Deus e Jesus Cristo falando para os seus filhos e criaturas que habitam os seis grandes continentes: África, Ásia, Europa, Oceania, América e Antártida, principalmente respeitando o que está escrito em Gênesis 1-28 e 30, acima citado. Cientistas, pesquisadores, indicam que tudo começou há 4,5 bilhões de anos, e que todos os territórios estavam agrupados, formando o planeta Terra. Quem sou eu para contestar esses cientistas. Restrinjo-me ao meu humilde  e insuficiente  aprendizado bíblico, histórico, geográfico e político.

No ano de 1967, em plena ditadura militar, participei de uma reunião com outros jovens estudantes em minha cidade natal, Penápolis, momento em que jovens estudantes tentavam entender o que estava acontecendo com a conjuntura política nacional, e a consequente repressão e prisão de jovens estudantes. Naquele ano o conflito entre Israel, Egito, Jordânia e Síria estava intenso em torno da denominada “Guerra dos Seis Dias”, tensionando a conjuntura política internacional, envolvendo também o povo palestino.

Na reunião estava presente um jovem palestino, recém chegado a Penápolis, cujo nome não me lembro, que se irritou quando chamamos o falecido Yasser Arafat, então presidente da OLP-Organização para Libertação da Palestina, de terrorista. Enquanto a gente, sem nenhuma consciência política, e influenciados pelos Estados Unidos, fazíamos comentários jocosos sobre os árabes, o jovem bastante indignado nos deu uma aula de respeito aos povos de todo mundo.

Depois de anos, passei a entender que o confronto entre palestinos e israelitas, além de econômico e político, envolve questões complexas, históricas, religiosas e culturais. Lamentavelmente o governo brasileiro não se solidariza com o sofrimento dos palestinos, diante do direito de viverem livremente e em paz nas terras prometidas também para eles, incluindo a Faixa de Gaza.

O governo de Israel, aliado dos Estados Unidos, continua não respeitando o acordo assinado em 1947, que deu origem à Resolução 181 da ONU (Organização das Nações Unidas). Fruto do acordo, em 1948, criou-se o Estado de Israel para aglutinar os judeus dispersos em todo mundo. Não satisfeitos eles avançaram, e continuam avançando, sobre a área de terra pertencente aos palestinos. Prefiro afirmar que Canaã, a terra prometida por Deus a Moisés, e a eles,  não pode pertencer somente a Israel.

O povo do bem em todo mundo, e a ONU,  não suportam mais ver o conflito entre judeus e palestinos. No confronto o exército israelense, apoiado pelos Estados Unidos, é covardemente poderoso, matando civis,  idosos e crianças. Quando escrevi este artigo, haviam mortos 212 palestinos e somente 10 judeus. É preciso que os países produtores de armas e materiais bélicos, parem de exportar tais produtos para esse pessoal.

O povo Judeu, economicamente rico, tem que se desapegar do acúmulo de tesouros aqui na Terra, e aceitar os seus irmãos palestinos. Penso que a interferência dos Estados Unidos, onde os investimentos judeus é muito alto, tem agravado a violência e ajudado o que denomino de crime contra a humanidade, pois esta guerra pode envolver outros países, principalmente os localizados no oriente médio.

Nos versículos bíblicos citados no início deste artigo, está claríssimo o que Deus, o criador de todo planeta Terra, nos recomenda. Este rico ensinamento também está no Torá e no Alcorão, que não conheço profundamente, mas li partes para identificar as semelhanças. Filhos de Abraão, parem de guerrear!

(*) Walter Miranda, é presidente do Sindifisco Nacional/Delegacia Sindical de Araraquara; diretor do Sinsprev-Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência do Estado de São Paulo, e militante da CSP CONLUTAS-Central Sindical e Popular.

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR