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Isenção de IPTU é uma afronta aos princípios da moralidade

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Ivan1A isenção de IPTU para a Iesa e Andritz em Araraquara, proposta feita pelo prefeito Edinho Silva a ser votada pelos vereadores neste final de tarde em sessão extraordinária, embora não sendo fato novo pois acontece desde 2013, representa mais um golpe na ética e transparência dos atos públicos. Não é correto que as duas empresas – que no final parecem ser uma só – serem isentadas de um imposto que, no momento, é o assunto mais contraditório em Araraquara.

Ora, é incrível como a ideologia muda de lado quando está em jogo a moeda. A justiça social até então apregoada, deixa de lado a igualidade e se transforma em contrapartida que não sabemos ao pé da letra como virá. A troca de favores teria que nos dar o sentido exato, preciso, literal daquilo que está sendo acordado e que todos nós neste instante desconhecemos. E seria ótimo que o prefeito em público comemorasse em alto e bom tom: “Acabou a mamata. Todo mundo vai pagar”.

Ah, a Iesa e a Andritz estão nos dando emprego e gerando renda. Mas não é bem assim, pois com mais garantia, dezenas de outras empresas oferecem muito mais e não precisam mendigar na porta do gabinete do prefeito ou da Câmara a isenção de impostos, o que consideramos uma afronta aos princípios da moralidade, ainda que exista para tal a legalidade.

Resguardadas as proporções não é justo que se cobre IPTU do seo José que tem uma mercearia na esquina com três ou quatro empregados e seja concedido o benefício a Iesa que tem uma proximidade muito forte com o atual prefeito até mesmo no campo esportivo, através do Athlético Paranaense. Só que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa para não haver a mistura sintomática de benefícios e favores. Estamos então falando de responsabilidade fiscal, se é que ela ainda existe. Se a Iesa fosse uma empresa devedora de IPTU teria sim o mesmo direito da dona Maria da quitanda, entrando na fila do Refis com 60 parcelas.

Tanto quanto a Prefeitura, a nossa Câmara Municipal tem sido cúmplice nas concessões e seria justificável e coerente que a esta altura em que o caso Iesa/Andritz vira manchete que os dois poderes viessem a público e anunciassem quais são as empresas que, em detrimento de milhares de desempregados recebem benefícios de tal tipo (e sorte). Ora, a Iesa nem bem saiu de um enrosco trabalhista, pois ainda há muitos trabalhadores sem receber seus direitos e entra na fila para receber isenção de IPTU.

Também quer nos parecer que não cabe explicação sobre geração de emprego pois se a Iesa está tentando se recompor como ‘empresa sadia’, ela está o fazendo as custas do poder público que deixa de receber os sagrados recursos oriundos dos impostos.

Quando se fala de vivermos um País com mais ética, transparência e menos corrupção, logo se imagina que 2019 seria o espelho da alma de gestores e políticos acenando para o fim das imoralidades, com caras e mãos limpas.

Mas, como será melhor se nada se altera no comportamento dos políticos? A população de Araraquara, aquela grande parte que acredita no poder de transformação do ser humano, é que pergunta – como o ano novo será melhor se os homens que nos dirigem continuarem sendo os mesmos?