Nesta sexta-feira (16), comemora-se o Dia do Comerciante e a data, desta vez, segue alinhada à retomada do comércio em Araraquara, categoria que, desde o começo da pandemia, vem sendo atingida pelas restrições para contenção da Covid-19. Nesse cenário, o Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara analisou o ICEC (Índice de Confiança do Empresário do Comércio), da FecomercioSP.
O estudo é formado por três indicadores. O primeiro reflete as Condições Atuais, ou seja, a percepção do empresário em relação ao momento atual da economia brasileira, do setor varejista e da sua empresa. O segundo é o Índice de Expectativas, que capta as expectativas para os próximos seis meses. E o último é o Índice de Investimentos, que considera as intenções de contratação de novos funcionários, a realização de investimentos e também aborda o planejamento dos estoques nos seis meses subsequentes. Esses três itens constituem o índice, que varia de 0 a 200 pontos. Resultados acima de 100 pontos refletem uma expectativa positiva dos empresários e abaixo de 100 pontos indicam uma perspectiva pessimista.
Depois de atingir 125,2 pontos em março de 2020, o índice de confiança registrou três quedas consecutivas, chegando à mínima histórica em junho do ano passado, com 61 pontos, influenciado pelas incertezas que surgiram com a pandemia do novo coronavírus. Nos seis meses seguintes, houve recuperação, mas, já em janeiro de 2021, foi iniciado um novo ciclo de queda das expectativas, motivado pelo aumento dos casos de Covid-19 e pelo acirramento das medidas restritivas. Depois de uma pequena alta em março deste ano e duas quedas nos meses seguintes, o otimismo do empresariado voltou a subir, registrando 90,6 pontos no mês de junho.
Em Araraquara, essa alta no otimismo também foi observada, dada a expectativa para o segundo semestre do ano, que segue com o avanço da vacinação da população adulta na cidade. Setores como a construção civil, classificada como atividade essencial já no início da pandemia e que também foi beneficiada pela trajetória de redução das taxas de juros e aumento das vendas de materiais e serviços de construção, e o de varejo supermercadista relatam melhora na expectativa para o futuro de curto prazo, com a espera por um aumento significativo das vendas, incentivando a realização de novos investimentos e aumento das contratações e dos estoques.
Manoel Aparecido Lago, proprietário do Supermercado Lago, acredita que o momento seja animador. “O pior já passou. Com o avanço da vacinação e recuo da pandemia, sentimos esse alívio. Como mostram os indicadores, essa melhoria para o segundo semestre é bem esperada”, diz. Sobre o planejamento a curto prazo, o comerciante também é otimista. “Contratamos funcionários e planejamos mais investimentos, como a implantação de painéis solares e um novo climatizador. Pretendemos colher coisas boas nos próximos meses.”
No entanto, ainda que a interpretação dos resultados aponte para uma recuperação, João Delarissa, analista econômico do Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara, destaca a importância de manter a cautela. “Uma vez que o ano de 2020 foi atípico e profundamente afetado pela crise, constitui-se numa base de comparação baixa, o que tende a tornar os resultados atuais superestimados. A completa imunização da população e a reabertura total da economia são fundamentais para a manutenção das boas expectativas”, analisa.
Para Diego Catanzaro, proprietário da Center Móveis, ainda é necessário mais tempo para que essa visão otimista tome conta dos estabelecimentos. “Esperamos uma melhora para o segundo semestre, mas alguns fatores são essenciais, como a continuidade da abertura do comércio e a entrada de capital, como a primeira parcela do 13º salário. É uma melhora gradual. Por esse motivo, temos que aguardar os próximos meses para pensar em investir novamente”, relata. Esse tempo citado por Diego também é indicado pela própria Federação, que esclarece que, apesar de ser nítida a melhora na confiança dos empresários, os números estão longe de indicar uma recuperação imediata da economia.
Se por um lado os fatores citados anteriormente dão sustentação ao cenário mais otimista, apontando para uma retomada da economia, por outro, a lenta recuperação no mercado de trabalho e fim do auxílio emergencial previsto para outubro representam riscos para que o setor alcance e mantenha bons resultados. Para seguir de forma mais assertiva nessa retomada, algumas ações são necessárias. “É importante que as empresas sigam priorizando o planejamento financeiro e a gestão eficiente dos seus negócios, mantendo o fluxo de caixa equilibrado, aproximando os prazos de contas a pagar das datas de recebimentos e saldando os empréstimos quando possível. É importante também estar atento aos possíveis aumentos de custos, fazendo uma reavaliação do planejamento do negócio, se necessário, e buscando sempre observar as demandas do público para se adequar à nova realidade”, sugere Delarissa.