“Marcão”, “Marco” ou Marco Antônio Caride é símbolo de uma geração repleta de talentos, levando uma vida artística solo ou compondo duos, trios e grupos que entram na história musical da nossa cidade e região.
A primeira formação da Cor do Sol em 1981. Carlinhos Nuhá, Marcão, João Batista (Joãozinho), Orlando Carlos João (Nando) e Airton Borsatto
Marco Antônio Caride, desde criança sempre gostou de música. Em 1964 ainda com 6 anos, já se empolgava com as músicas do Rei do Rock and Roll Elvis Presley. A medida que crescia também aumentava sua vontade de ser músico e cantar numa banda. Já com os seus 14 ou 15 anos, Marco e seu irmão mais novo Carlos Augusto Caride (hoje Carlinhos Nuhá, reconhecido músico e compositor), gostavam de brincar com caixinhas de som animando as festinhas de família junto com os colegas. Com 18 anos, em 1976, aconteceu a primeira apresentação de um pequeno grupo formado pelo Marco (violão), seu irmão Carlos (bateria) e pelo amigo Geraldo Francisco (baixo) mais conhecido como Gê. O Gê é irmão da Marli que nos anos 90 foi cantora do grupo de samba Alma Brasileira, que desfrutou de grande sucesso em Araraquara e região. O ‘seu’ Orlando Caride, pai do Marco, sempre envolvido na política de Américo Brasiliense, decidiu que o grupinho dos seus dois filhos iria tocar no comício em apoio ao então candidato Tércio Della Róvere, que acabou se elegendo. Marco relata que ao chegar no comício com o grupo, tremeu na base diante de um público de cerca de três mil pessoas. Para criar coragem seguiu o conselho do Gê, foi num bar próximo e acabou tomando três doses de conhaque. Ao subir no palco a bebida começou a fazer efeito e a coisa desandou de tal forma que até hoje não sabe direito como a apresentação acabou. Também, segundo ele, valeu a lição. Nunca mais bebeu.
Com a criação do Fino Trato em 1997, Marco Caride contava com a participação de Diana Xavier no sax tenor e sax alto. A foto mostra uma apresentação no Choro das Águas no DAAE
Marco então teve outros empregos até que em 1980, já casado, mudou-se para Américo Brasiliense onde montou uma casa comercial, a exemplo do que tinha feito seu pai. Era a Lia Modas, uma loja de roupas. Depois de dois anos percebeu que não era isso que queria da sua vida. Decidiu então vender a loja com a intenção de usar o dinheiro na compra de um bom equipamento e montar uma banda. Seria a realização do seu sonho. Porém, o comprador nunca lhe pagou. Apesar do calote Marco não desistiu do sonho e no ano seguinte (1981) montou a banda A COR DO SOL, junto com o seu irmão Carlos Nuhá. A primeira formação foi com Zezo no baixo (logo substituído por Airton Borsatto), Orlando João (Nando) na guitarra, o seu irmão Carlos no teclado, o João Batista na bateria e o Marco, cantor e líder. Começaram então a fazer bailes com um pequeno equipamento comprado do Pedro Caldeira. Marco deu uma pequena quantia de entrada e pagou o restante fazendo os bailes que Caldeira vendia através da sua empresa Promoções Artísticas Caldeira da Silva. A banda A Cor do Sol então passou a fazer parte do elenco de bandas vendidas e representadas por Pedro Caldeira, empresário do ramo, muito importante na época. Marco, emocionado, conta que foi uma ajuda e tanto.
Notícia em jornal da época (1983) anunciando a Cor do Sol em show na eleição da Rainha do Colégio Cristo Rei
Marco com o irmão Carlinhos, desde a primeira formação da Cor do Sol. Com o fim da banda, o irmão foi para São Paulo, dando sequência à sua carreira artística.
A banda passou a fazer os seus ensaios no Palmeiras Esporte Clube, sediado nos altos da Vila Xavier e depois no Café Nice, dos sócios Ivan Roberto Peroni, Renato Spotto e Marco Antônio Ziliolli. O Café Nice que ficava na Avenida Brasil, quase esquina com a 9 de Julho, tinha uma sala nos fundos cedida pelo Ivan Roberto para os ensaios da banda. Em retribuição, uma sexta-feira por mês Marco se apresentava com a banda à imensa clientela que se reunia na choperia.
Karina Vieira, a segunda participante do Fino Trato tocando sax alto, sax soprano e flauta
A Banda A Cor do Sol foi a primeira a fazer música ao vivo com todos os seus músicos na noite araraquarense, numa época onde era mais comum violão e voz. E foi no Café Nice. Um sucesso absoluto na choperia mais badalada naquele tempo. E também foi no Café Nice que o Marco conheceu o famoso cantor e showman Wilson Simonal. Era uma madrugada do ano de 1986 quando Marco ao retornar do seu trabalho para guardar os equipamentos na sua sala de ensaio, foi apresentado pelo Ivan ao Simonal que já havia feito a sua apresentação e batia papo descontraído com o pessoal. Nesse show que a polícia precisou fechar a rua, eu e o amigo Daniel Costa, fãs do cantor, não conseguimos ingresso e ficamos na calçada da casa mais ouvindo do que vendo o artista, nos revezando para olhar através de uma fresta do toldo. Não perdoamos o Ivan até hoje, apesar de sabermos que somente agora, ao revisar esta matéria, ele tomou conhecimento do ocorrido.
Marco Caride criou “Elvis Presley Cover” em 2012. Um sucesso.
Até 1988 a banda viajou por todo o Estado de São Paulo e Minas Gerais, com um repertório para bailes de todos os tipos. Também tocava muito em praças públicas das cidades onde a Prefeitura promovia festas de aniversário do município e outros eventos. Assim Marco e sua banda fizeram muitos shows com artistas famosos como Sergio Reis, Nalva Aguiar, Gretchen, Rita Cadillac, Jair Rodrigues, Gian e Giovane, Chrystian e Ralf, Guilherme Arantes, Os Incríveis, entre tantos outros. Inclusive ficavam hospedados nos mesmos hotéis, fato que deu oportunidade de estabelecer bom relacionamento profissional e até de amizade com muitos deles.
A alegria de estar ao lado de duas extraordinárias artistas Diana e Karina, que tiveram uma bela convivência com o Musical Fino Trato
Mas a vida também era penosa e de sacrifício. No começo a banda viajava numa perua Chevrolet Veraneio velha, motor à gasolina passada a gás usando o botijão fornecido pela distribuidora de gás, pneus carecas, que o próprio Marco dirigia. Chegavam ao clube, descarregavam a veraneio e montavam a aparelhagem. Muitas vezes não dava tempo nem de jantar ou sequer tomar banho. Tinham que começar o baile ou o show. Terminado o serviço mal dormiam e já tinham que seguir viagem para a próxima cidade. Somente nos últimos três anos da banda ele conseguiu fretar um caminhão baú para levar os equipamentos. Era um mercedes “Nelson Ned” fretado pelo Gaião que também dirigia para a banda. Depois de carregados a aparelhagem e os equipamentos, os músicos estendiam os colchões no baú e seguiam viagem. A vida era dura. Nunca foi um mar de rosas, mas sempre fizeram sucesso e eram felizes porque faziam o que gostavam. A banda seguiu viajando até 1988.
BREGA & CHIC
Em fevereiro de 1988, o Marco em sociedade com João Salvino, seu sogro, inauguraram uma casa de bailes e shows em Américo Brasiliense, na Rua Cap. Alberto Mendes Júnior, 286. Era a BREGA & CHIC, onde a banda A Cor do Sol passou a tocar exclusivamente nos finais de semana. Agora os músicos já não viajavam mais. Eram bailes e shows com aqueles artistas que conheceram durante as viagens e ainda Lourenço e Lourival, Genival Lacerda, Jerry Adriani, Vanderley Cardoso, Ângelo Máximo, entre outros da Jovem Guarda, da qual Marco era fã. A Brega & Chic após alcançar sucesso com a casa sempre cheia, encerrou suas atividades em novembro de 96, devido a questões familiares. Nesta época em que a banda também parou, ainda passaram músicos como Felisberto Pereira (está na China e tocava baixo), Carlinhos Silveira, o ‘bomba’ também baixista e Andrelino Vieira Nunes (Nino, baterista).
Marco Antônio Caride e as diversas faces de Elvis em show cover
MUSICAL FINO TRATO
No ano seguinte, 1997, montou a banda Musical Fino Trato, com a qual trabalha até hoje, formada por Marco (teclado e voz) e Adriana Xavier (sax tenor e sax alto) depois substituída por Carina Vieira (sax alto, sax soprano e flauta). Com essa formação a Fino Trato vem se apresentando em festas de casamento, jantares, reveillons, formatura, confraternizações, shows em casas de espetáculos e choperias. Já se apresentou em clubes como o Esporte Clube Pinheiros-SP, Clube Jaraguá-SP, Condomínio Acapulco – Praia de Pernambuco, no Guarujá, por diversas vezes. Desde sua criação, a Fino Trato já abrilhantou mais de mil cerimônias e festas de casamento.
ELVIS NÃO MORREU
Marco, desde criança foi fã de Elvis Presley; tanto é que nas apresentações das suas bandas, ele interpretava músicas do repertório de Elvis. Certo dia foi convidado por Ricardo Pollis, gerente de eventos do Shopping Jaraguá, para fazer um show com músicas de Elvis Presley. Ricardo argumentou que seu pai, Pedro Pollis (Pedrão) que é músico, havia sugerido o Marco como atração, pois o considerava um bom cantor do estilo. Acertado o show, Ricardo continuou explicando que o objetivo do evento era aumentar a frequência além do entretenimento dos clientes. Disse ainda que o show era o primeiro evento promovido por ele e que portanto nada poderia dar errado. Era o seu desafio e para vencê-lo estava apostando no trabalho do Marco. Ainda por insistência do Ricardo, mesmo a contra gosto Marco foi convencido a usar roupas parecidas com as das apresentações de Elvis. Então, no dia 16 de agosto de 2006, quarta-feira, aconteceu o show. Marco (teclado) interpretando Elvis, Diana Xavier (sax tenor, alto e soprano), Ademir Gouveia, o Gordo (bateria) e Tárcio Costa (guitarra). Foi sucesso total, com a praça de alimentação toda tomada pelo público que aplaudiu entusiasticamente.
Marco e o guitarrista base de Elvis Presley, James Burton
Apesar do sucesso, Marco sempre resistiu à ideia de fazer cover, o que aconteceu a partir de 2012, depois de muita insistência dos amigos nas suas apresentações com o Musical Fino Trato. Ele assumiu de vez o papel. Hoje usa playback da própria banda de Elvis, na tonalidade original e compra as réplicas das roupas do cantor sob medida, feitas nos Estados Unidos e que são fornecidas para o mundo todo. Deixou crescer o cabelo, usa costeletas e sua voz ajuda muito por também ser barítono, como Elvis era. Toda a sua performance pode ser conferida no YouTube – Marco Antônio canta Elvis e no seu facebook – Marco Antônio Caride tributo a Elvis.
Para 2019, além de continuar com a sua já tradicional banda Musical Fino Trato, o seu desafio será montar um outro grupo exclusivo para acompanhar seus shows de Elvis com o nome Marco Antônio e Banda The Pelvis.