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Guarda Municipal: sem efetivo, viaturas paradas e uniformes em “fim de guerra”

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Guarda 95

Manifestações de integrantes da Guarda Civil Municipal, que preferem não se identificar por temer represálias, anunciam as condições precárias a que estão sendo submetidos

Guarda 95Guardas preocupados com descaso que se tem dado a corporação

Com denúncias chegando a Câmara Municipal o vereador Edson Hell (PPS) não teve outra alternativa na última terça-feira (5) senão encaminhar ao Executivo um requerimento solicitando informações sobre as condições de trabalho dos Guardas Municipais. As reclamações segundo o parlamentar estão fundamentadas na falta de veículos, uniformes antigos e gastos, profissionais trabalhando sem coturnos, o que tem gerado mal estar dentro da corporação.

Segundo consta, os guardas municipais asseguram que receberam uniformes pela ultima vez em 2015, ainda na gestão de Marcelo Barbieri e desde então, tentam “remendar” como podem, para terem um visual adequado. De acordo com alguns profissionais do setor, a primeira empresa que ganhou a  licitação para confecção dos uniformes abandonou o certame, uma segunda foi chamada, mas também não entregou, agora aguardam desde novembro a chegada do novo fardamento. Sem contar que havia guarda trabalhando sem coturno, pois o seu não resistiu ao tempo de uso e o que lhe salvou foi “arrumar” um usado, até a chegada dos novos uniformes.

Para esses servidores, a Guarda Municipal apresenta sintomas de casa abandonada, faltando equipamentos, treinamentos, cursos, além do próprio efetivo que está baixo diante da demanda que a cidade exige. 

Quanto ao secretário municipal de cooperação dos assuntos de segurança pública, coronel João Alberto Nogueira, os guardas relatam que não podem questionar a falta de cursos e treinamentos, pois, o último servidor que fez questionamentos a esse respeito, quase sofreu um processo administrativo. Dizem também que são privados de seus direitos de falar com a imprensa, até mesmo para entrevistas referentes a apreensões. “Tentam apagar até o nosso trabalho junto à sociedade”- afirmou um servidor.

Para eles o entendimento é de que o comando parece mais interessado na Operação Delegada da PM – Atividade Delegada, que é um convênio firmado entre as prefeituras e a Secretaria da Segurança Pública, permitindo aos policiais militares desempenharem suas funções nos dias de folgas, no popular “o bico autorizado”. Há quem diga que seria “um dinheiro que a prefeitura poderia investir na compra de viaturas para a guarda, fortalecendo a corporação da cidade.

Em matéria veiculada pela mídia local em abril de 2018, o secretário João Alberto disse que quando assumiu a Pasta encontrou uma situação precária e que ela não podia continuar. As viaturas estavam em péssimas condições, faltavam equipamentos e o ônibus do Projeto do governo federal de Prevenção ao Uso de Crack não estava funcionando por falta de manutenção. Na época ele disse também que um convênio com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, parado há 2 anos, previa a liberação de uma verba de cerca de R$ 800 mil para aquisição de novas viaturas, fardamento e equipamentos e que o valor sairia no segundo semestre daquele ano. Outro dado também dito na época pelo Secretário, é que aconteceria na segunda quinzena de 2018 um novo concurso, e ao que consta também não se confirmou.

A última entrega de viaturas compradas com verba do município foi em 2010, na Gestão Barbieri, sendo recebidos 5 Prismas, hoje parados por não terem mais condições de uso. Já em 2013, chegaram 2 Voyages e um ônibus, oriundos de verba federal do programa “todos contra o Crack”. O ônibus também está parado por falta de manutenção. Assim, a Guarda Municipal hoje conta com 2 viaturas alugadas, outros dois carros que não podem ser considerados viaturas, onde um  pertence à Defesa Civil e outro para o uso administrativo da corporação e que não são aparelhados. Conta ainda, com uma viatura do trânsito que foi emprestada para a unidade trabalhar.

Os carros estão parados no centralizado ou em oficinas da cidade, aguardando verba para serem consertados.

ACUSAÇÕES

A reportagem entrou em contato com o guarda municipal Eliédson Manoel da Silva, de 38 anos, que está há 9 na corporação. Ele no momento passa por um processo administrativo por fazer uso de barba E que a Secretaria alega que ele e outro colega de trabalho descumprem a lei. Eliédson diz que entrará com recurso via judicial, pois considera que o que vem acontecendo com ele e com o colega Camargo é assédio moral. Eliédson chega a dizer que o atual comando parece predestinado a acabar de vez com a guarda.

O servidor lembra que quando entrou para a Guarda em 2010 faziam parte do efetivo cerca de 102 funcionários, e que hoje conta com apenas 79, sem contar os guardas afastados, de férias ou emprestados para outras secretarias, sendo assim o número cai ainda mais. Diz ainda que aos poucos uma guarda sem equipamentos e valorização será extinta pela prefeitura por não trazer benefícios ao poder público – “hoje quem dá lucro ao município é o trânsito, fazendo multas, tanto que o fardamento deles é novo e tem viatura até para emprestar para a Guarda”.

Para Eliédson a Guarda Municipal “vem sendo dilapidada, devido aos guardas estarem acomodados, terem medo de reagir, não expõem os problemas. Temos que chamar o prefeito e colocar os assuntos às claras, se não houver a união da corporação juntamente com a população, que é a quem efetivamente prestamos serviços, a tendência é acabar, e um dos fatores será a falta de posicionamento efetivo de guardas diante da instituição”- finalizou o GCM Silva.

Edson Hel 95Vereador Edson Hel exigindo explicações do prefeito e do comando da Guarda Municipal