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A cultura do cacau desembarca na região de Araraquara

Estado de São Paulo trabalha para aumentar a produção de cacau; maior difusão depende de viveiros de mudas. Sindicato Rural de Araraquara, Prefeitura de Santa Lúcia e Senar saem na frente para a criação de uma nova cultura.

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Andrey explicando a forma com que o cacau está entrando no estado de São Paulo

Cultura que podemos considerar tradicional na Bahia, o cacau está desembarcando no estado de São Paulo. As vantagens da planta são muitas. Por ser produzido em consórcio com outras culturas, como a banana, o cacau representa uma importante fonte de diversificação para os produtores rurais.

De um lado o projeto Cacau SP, da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo fomenta a produção do fruto, enquanto que o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-SP) cuida da formação profissional.

Assim, nos dias 01 e 02 de abril, o SENAR e o Sindicato Rural de Araraquara, organizaram na Fazenda Fôsca, em Santa Lúcia, um curso específico para o plantio, manejo e a colheita do cacau, dada a importância que o fruto tem para a industrialização, além naturalmente do próprio consumo.

A realização do curso teve a importante participação do Sindicato Rural de Araraquara e também da Prefeitura Municipal de Santa Lúcia, através da CATI. Méritos devem ser atribuídos a todos pelo empenho na organização

O cacau comentou o instrutor do Senar, Andrey Vetorelli Borges, tem diversas aplicações e destinos, da indústria alimentícia à cosmética, além do consumo in natura. Cacau em pó, chocolate e manteiga são alguns dos produtos que saem da lavoura, trazendo agregação de valor ao produto do campo, argumentou o instrutor, orgulhoso em estar capacitando um grupo de produtores comprometidos com o ensinamento.

O engenheiro agrônomo, extensionista da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), conta que existe uma verdadeira “força tarefa” para elevar o cacau paulista a um novo patamar. “O cacau vem para o estado como opção de diversificação. Nesse caminho, há parcerias entre entidades como a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), instituições estaduais de ensino e pesquisa e empresas do setor. E tem o SENAR-SP, que trabalha na capacitação do homem do campo para o cacau”, diz. E tudo isso por um bom motivo: há muita demanda pelo produto em São Paulo.

 “Do ponto de vista do produtor rural, a oportunidade é que o cacau vem em casamento com outra cultura. Pode ser seringueira, eucalipto, bananeira. Você tem geração de renda em vários aspectos e épocas”, diz Vetorelli. Outro aspecto positivo do consórcio mencionado no início é que ele propicia mais renda na mesma área e a otimização dos recursos. “Se eu irrigar, estou irrigando duas culturas, não duas; se controlo mato, a mesma coisa”, acrescenta.

O produto também apresenta vantagens econômicas. Entre elas, o fato de que o cacau é uma commodity, com preço estabelecido em bolsa de valores e liquidez na venda, como soja, milho e boi. Os compradores são vários e a demanda é ampla. A geração de renda na região produtora é favorecida, sobretudo ante a possibilidade de fornecimento para negócios e indústrias locais. “Outro ponto é o apelo ambiental. O cacau sequestra bastante carbono, previne a erosão do solo e mantém corredor para a fauna local”, completa.

ONDE PODEMOS ENCONTRAR O CACAU

Na região de Araraquara o cacau está chegando agora; os produtores sabem da existência, produção e comercialização rentável mas sempre esbarraram na capacitação e nas condições climáticas. O próprio coordenador regional do Senar, engenheiro agrônomo João Henrique de Souza Freitas reconhece as dificuldades, mas a ele se deve o interesse em criar uma nova cultura regional.

Ele lembra que, a  produção de cacau em São Paulo está concentrada em duas regiões, uma de cultivo mais tradicional e outra recente. A área mais antiga é no litoral, que soma em torno de 200 hectares. E existe a área recente, o noroeste paulista, com São José do Rio Preto, Barretos, Catanduva, Votuporanga, Fernandópolis e região.

Experiente nesta cultura, o instrutor Andrey Vetorelli Borges, assegura que nesses lugares citados o cacau vem ampliando seu plantio: “Essa área que está começando tem entre oito e sete anos de implantação. O cacau está bem esparramado por ali, porque os produtores por enquanto estão plantando áreas pequenas para conhecer a cultura, ver o seu desenvolvimento. Estamos trabalhando para mostrar o cacau como cultura consorciada e mais uma opção de diversificação na propriedade rural”, diz Vetorelli.

Para crescer e conquistar novos espaços e mercados será preciso vencer algumas barreiras. As principais dizem respeito à própria familiaridade do produtor com a cultura e com o acesso a mudas. “A principal questão atualmente é a indisponibilidade de material genético e acesso a mudas. Existem poucos viveiros, e as mudas vêm de longe, da Bahia e Espírito Santo, o que encarece os plantios”, afirma. Mas isso está mudando. O poder público está investindo na produção e venda de mudas, problema que deve ser atenuado no médio prazo. A questão de mudas afeta o cacau em todo o Brasil, o que leva a uma questão econômica importante: atualmente o País importa cacau. Por isso, é de interesse nacional que áreas não tradicionais, como São Paulo, comecem a produzir o fruto.

Diante de toda esta demanda apresentada e considerando que que a Missão do SENAR é “Realizar a Educação Profissional, a Assistência Técnica e as atividades de Promoção Social, contribuindo para um cenário de crescente desenvolvimento da produção sustentável, da competitividade e de avanços sociais no campo”, o SENAR/SP elaborou um curso voltado para a cultura, com a finalidade de capacitação de mão de obra para o cultivo do Cacaueiro.

SANTA LÚCIA ABRINDO AS PORTAS PARA A CULTURA DO CACAU