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Após 16 meses de aumento, café tem primeira queda no varejo

Fipe registra retração de 0,18%, mas alta acumulada em 12 meses ainda é de 86,5%; a diferença não foi tão sentida pelos consumidores.

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Tarifaço também pode comprometer a produção cafeeira no Brasil

Após 16 meses seguidos de alta nos supermercados, o café deixou de ser um fator de pressão inflacionária. É o que mostraram os dados da quinta-feira (17) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

O levantamento de preços da entidade aponta que o preço médio do café em pó caiu 0,18% no varejo nos últimos 30 dias, em relação a igual período anterior. O percentual de queda, porém, é muito tímido em relação aos 86% de alta nos últimos 12 meses.

O preço está em queda nos supermercados e, provavelmente, deva continuar caindo devido ao avanço da colheita e à chegada de um volume maior de produto no mercado. O cenário de preços para o café, porém, ainda está incerto.

Os estoques mundiais estão em patamares inferiores aos dos anos anteriores, e a floração da safra 2025/26 do Brasil será decisiva nessa formação dos preços. O clima tem colocado muita incerteza sobre a produção.

Além disso, Donald Trump colocou mais nebulosidade sobre o produto com sua tarifa de 50% para o Brasil. O café, assim como suco de laranja e carne bovina, está entre os principais afetados pelo tarifaço do presidente americano.

Segundo a equipe de analistas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o impacto sobre o café, se efetivada a taxa de 50%, será estrutural. A elevação do custo de importação compromete a viabilidade econômica da cadeia interna dos Estados Unidos, que envolve torrefadores, cafeterias, indústrias de bebidas e redes de varejo.

Para Renato Ribeiro, pesquisador de café do Cepea, a aplicação da tarifa não é favorável para a sustentabilidade da cafeicultura brasileira, mas também não favorece a estabilidade da cadeia de abastecimento americana.

A saca de café arábica, que esteve em R$ 2.800 em fevereiro último, está sendo negociada a R$ 1.820 nesta semana no campo. A do robusta recuou para R$ 1.024, após ter atingido R$ 2.088 no final de janeiro. Mesmo com a queda, os preços atuais ainda são bem superiores aos do início de 2023, quando a saca do arábica era negociada a R$ 994, e a do robusta, a R$ 767, segundo o Cepea.