Usinas e destilarias no Centro-Sul do Brasil processaram 29,594 milhões toneladas de cana-de-açúcar na segunda quinzena de abril, queda de 25,51% em comparação a igual período de 2020, quando foram moídos 38,192 milhões toneladas. Os dados fazem parte do levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), divulgado ontem.
O diretor técnico da entidade, Antonio de Pádua Rodrigues, disse em nota que a menor moagem reflete o atraso no início da safra 2021/2022 “devido à expectativa de quebra na produtividade agrícola da lavoura a ser colhida neste ciclo”.
Para Rodrigues, a estiagem no Centro-Sul se manifesta de forma negativa para a oferta de cana na safra iniciada em abril e São Paulo “deverá apresentar a maior redução da oferta de cana”. “Os dados de abril trazem à luz esse fato, as empresas tiveram que rever seu planejamento da safra e atrasar o início da moagem na busca da recuperação da produtividade e da melhor concentração de sacarose”, afirmou.
Segundo a Unica, até o fim da quinzena operavam 205 unidades produtoras. Do total, 199 processam apenas cana-de-açúcar, cinco produzem apenas etanol à base de milho, e uma utiliza duas matérias-primas. No mesmo período do ano anterior, 217 unidades já haviam começado a processar. A Unica projeta que mais 30 unidades iniciem os trabalhos em maio.
O mix sucroenergético na quinzena ficou em 55,46% para o etanol e 44,54% para o açúcar. A fabricação do adoçante foi de 1,515 milhão de toneladas nos últimos 15 dias do mês, queda de 25,49% ante os 2,033 milhões de toneladas do mesmo período de 2020.
A produção de etanol alcançou 1,284 bilhão de litros na segunda quinzena de abril, 19,92% a menos do que o 1,604 bilhão de litros de igual período do ciclo 2020/21. Desse volume, 117 milhões de litros foram de etanol de milho, 4,41% a mais do que um ano antes.
Do total de biocombustível produzido, o hidratado, utilizado diretamente no abastecimento dos veículos, representou 944 milhões de litros, enquanto o etanol anidro, adicionado à gasolina, somou 340 milhões de litros. O volume do anidro representa um recuo de 22,19% na comparação anual; já o hidratado apresenta queda de 19,07%.
A qualidade da matéria-prima processada na segunda quinzena de abril, medida a partir da concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), atingiu 120,61 kg por tonelada ante 122,10 kg/t verificados em igual quinzena da safra passada, queda de 1,22%.
Acumulado
A moagem de cana no primeiro mês da safra 2021/22 atingiu 45,259 milhões de toneladas, recuo de 25,44% sobre os 60,702 milhões de toneladas de igual período do ciclo 2020/21. No acumulado do ciclo 2021/22, a safra alcança 116,69 quilos de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, 1,65% inferior ao valor apurado no último ciclo agrícola.
Desde o início da safra 2021/22 até 1º de maio, 42,68% da matéria-prima foi destinada à fabricação de açúcar, ante 43,78% em igual período de 2020/21. Assim, a produção acumulada de açúcar soma 2,148 milhões de toneladas, montante 28,51% inferior aos 3,005 milhões de toneladas produzidos um ano antes. Já o volume de etanol produzido no acumulado da safra 2021/22 totalizou 2,017 bilhões de litros, 22,14% inferior ao assinalado na última safra, com o etanol anidro recuando 27,26% e o hidratado, 20,54%.
A Unica informa ainda que informações preliminares do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) para uma amostra de 58 unidades indicam queda de 10,7% na produtividade agrícola do mês de abril, para 79,8 toneladas por hectare. “Essas informações devem ser tomadas com cautela, pois se baseiam em uma amostra bastante reduzida. De todo modo, elas já retratam a tendência de retração no rendimento da lavoura neste ano”, diz Rodrigues.
Fonte: BrasilAgro.com