Estimativas mostram que os chineses poderiam importar o dobro de carne suína neste ano
Consumidor compra carne suína em um mercado de Pequim
Se a China vai comprar menos soja em 2019 – não só dos EUA, mas de uma forma geral – seu movimento deverá ser compensado com maiores importações de carne suína. A demanda da nação asiática por farelo de soja e, consequentemente, pelo grão começou a perder força depois que o país foi – e tem sido – acometido por um surto de Peste Suína Africana. Embora os impactos deste momento apareçam como pílulas nos preços e nos negócios, a doença é cruel com os planteis da nação asiática e de países vizinhos.
Estimativas mostram que os chineses poderiam importar o dobro de carne suína neste ano, elevando o volume total a algo próximo de 2 milhões de toneladas. Para alguns, essa estimativa é conservadora. Em entrevista à Bloomberg, o estrategista chefe da consultoria internacional Allendale, Rich Nelson, as compras chinesas podem triplicar ou até quadruplicar este ano.
Números do Rabobank mostram esse potencial de importação, contra a possibilidade de uma queda de cerca de 20% na produção local de carne de porco. Caso isso se confirme, a produção chinesa poderia cair para um total entre 50 e 51 milhões de toneladas, contra o volume do ano passado de algo variando entre 54 e 55 milhões de toneladas.
“Estive em um congresso de carnes em que a notícia foi de que a China poderia reduzir de 4 a 5 milhões de toneladas de carne suína este ano. A título de comparação, a produção total do Brasil é de 3,8 milhões. Ou seja, os chineses poderiam perder uma produção brasileira de carne de porco em um ano”, explica o sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, Carlos Cogo.
Somente dos EUA, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto e ouvidas pela Bloomberg, a China deverá importar 300 mil toneladas de carne suína em 2019. Somente na primeira metade do ano, o total poderia alcançar 200 mil toneladas.
O volume é 81% maior do que o de 2017, por exemplo, antes do início da disputa comercial. Em 2018, o volume importado foi de 85,7 mil toneladas. Voltando parte de suas compras para o mercado norte-americano, os chineses atendem parte de sua demanda e ainda amenizam as tensões instaladas com os EUA há mais de um ano, quando foi iniciada a guerra comercial.