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Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite se reúne para discutir os desafios da cadeia produtiva

Encontro debateu medidas para proteger pequenos e médios produtores e reverter a alta de importação do leite em pó que prejudica o setor

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O leite é uma das cadeias produtivas mais pulverizadas

Na semana passada, a Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) se reuniu para debater a conjuntura do setor leiteiro, preços pagos ao produtor, atualização do processo antidumping movido pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) do leite em pó, dentre outros temas.

Marcio Vassoler, diretor 1º secretário da Faesp, presidiu a reunião e falou da importância desse tipo de encontro. “Esta Comissão Técnica sempre contribui grandemente com a nossa entidade e os temas para discutir hoje são importantes e urgentes para o setor produtivo.”

Aproveitou também para enfatizar que o presidente da entidade, Tirso Meirelles, esteve com Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em Itu, no último dia 3, onde fez o alerta a respeito da importação desenfreada de leite em pó e pediu providências do governo federal.

A apresentação do cenário econômico e produtivo foi conduzida por Thiago Rocha, assessor técnico do Departamento Econômico, que trouxe série histórica (2000-2023) da produção total de leite, captação de leite inspecionado, consumo per capta, preços pagos ao produtor, dentre outros parâmetros do setor.

Ele enfatizou que o leite é uma das cadeias produtivas mais pulverizadas e com forte apelo social. Entretanto, trata-se de um produto cujas margens entre custo operacional-produção-venda são das mais estreitas.

Em razão da forte importação do leite em pó, sobretudo no último triênio, a cadeia produtiva sofreu forte impacto nos preços pagos ao produtor, a Faesp oficiou ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) solicitando que reconsidere a interpretação adotada sobre similaridade entre leite em pó e leite in natura, pois os produtos são fortemente correlacionados, divergindo apenas na forma e estado.

Há também uma preocupação crescente em profissionalizar os pequenos e médios produtores, afirmou o coordenador da Comissão, Luiz Otávio Motta. “Precisamos qualificar e atualizar essas pessoas que acabam sendo arroladas na especulação de preços.”

“A Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar-SP pode nos ajudar muito nesse sentido”, afirmou.

O Coordenador da Comissão reiterou que um dos objetivos da reunião é justamente divulgar, com maior clareza, informações sobre o momento que o setor leiteiro atravessa, bem como sobre os atos normativos e as ações que os estados e as entidades estão adotando para proteger o setor. Destacou, ainda, a necessidade de esclarecer o que tem sido amplamente divulgado recentemente acerca da prática de reidratação do leite, já proibida pelo RIISPOA.

Ângelo Morales, analista da ATeG e responsável pelos programas da cadeia animal, informou que dos 70 programas, 39 deles são de pecuária de leite; sendo que 33 começaram neste ano e seis no ano passado. “Temos um desafio grande com relação a pressão estrangeira, mas entendemos que há também grandes oportunidades, com mais produtores buscando melhorar sua produção e qualificar sua gestão.”