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Conselho do Agro da ACSP avalia cenário para agricultura no governo Lula

A expectativa de Cesário Ramalho, coordenador do Conselho do Agronegócio da ACSP, é que a composição do futuro governo irá beneficiar a imagem do Brasil no exterior

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Coordenador do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Cesário Ramalho

Em entrevista concedida ao Broadcast Agro, do Estadão, o coordenador do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Cesário Ramalho, avalia que o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tende a beneficiar a imagem do Brasil no exterior no que se refere ao combate ao desmatamento na Amazônia e a políticas ambientais.

“O fato de ele ter batalhado para trazer a Marina (Silva) para o governo deve ajudar, acredito que ela vai trabalhar por essa questão amazônica. Precisamos ter um trabalho, um conselho da Amazônia, que converse com o mundo permanentemente, que temos o Código Florestal, comunicar que temos responsabilidade”, afirmou Ramalho à reportagem. “Neste caso, talvez a melhor pessoa no Brasil seja a Marina”, continuou.

Para Ramalho, com a participação de Marina Silva em políticas relacionadas à Amazônia, será possível “mudar o entendimento do mundo sobre o País muito rapidamente”. Ele também citou a candidata à Presidência pelo PMDB no primeiro turno, Simone Tebet, que no segundo turno apoiou a candidatura de Lula, como outra pessoa “importante” para o tema do desmatamento e ambiental.

“A Simone navega bem nesta área”, disse. “Não queremos estancar o desenvolvimento, mas não queremos garimpos e invasões em terras indígenas e queimadas na Amazônia. Hoje é muito fácil monitorar isso, há satélites ao redor da Terra, o que pode acabar nos prejudicando”, ponderou.

Cesário citou conversa recente com o chefe da Embaixada do Brasil na China, Mauro Bezerra Abbott Galvão, que reportou cobrança sobre a postura do País em relação ao desmatamento, segundo ele. “O governo brasileiro tem de estabelecer um projeto para reduzir o desmatamento na Amazônia. Há agora o projeto de consulta em Washington (EUA) sobre não aceitar produtos de áreas desmatadas; depois da votação na Europa, tivemos notícia de que os EUA também estão estudando um programa da mesma forma”, contou.

“Dos grãos que exportamos, 90% são do Centro-Oeste, então não podemos ficar com esse questionamento (sobre desmatamento) sem resposta. Muitas vezes, ao invés de responder diplomaticamente, achamos que é provocação e vamos para a briga, não é por aí; temos de mostrar profissionalismo”, lembrou. “A Europa é um grande comprador brasileiro e influencia países asiáticos sobre tecnologias e questões sanitárias.”

Além da questão ambiental, Ramalho citou outras frentes nas quais o próximo governo terá de avançar para fortalecer o setor agropecuário, como melhorias e obras de infraestrutura em estradas, portos e armazéns, seguro, crédito e capital para acelerar a conversão de áreas degradadas no Centro-Oeste em áreas agrícolas. “Acredito que, apesar do momento de recessão no mundo, o Lula vai mudar esse entendimento do País lá fora e atrair capital para aumentar as áreas de produção no Centro-Oeste.”

Ele reforçou que “entidades de classe não podem nem devem ter lado político”. Lembrou, ainda, que o Conselho do Agronegócio da ACSP espera, junto com outras entidades do agro, participar do processo de escolha da pessoa que comandará o Ministério da Agricultura no novo governo.