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Etanol: produção vai cair quase 14% com coronavírus e baixa do petróleo

Primeiro levantamento sobre a safra 2020/2021 de cana da Conab indica que a produção será destinada ao açúcar, que terá aumento de 18,5%

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O primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) da safra 2020/2021 de cana, divulgado nesta terça-feira, 5, revelou que o Brasil deve colher neste ciclo 630,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar
colhidas nesse ciclo, sinalizando redução de 1,9% em comparação ao volume produzido em 2019/2020.

De acordo com a Conab, a expectativa inicial para a produção era bastante otimista, especialmente em razão das condições climáticas favoráveis à cultura nas principais regiões produtoras, bem como o comportamento do mercado visualizado no começo de 2020, que acenava para bons preços, tanto para o açúcar quanto para o etanol.

No entanto, o cenário se alterou nos últimos meses, com as recentes oscilações de mercado e as consequências relacionadas à pandemia do coronavirus, diminuindo a perspectiva de produção na safra.

O levantamento do órgão ainda que o setor deve destinar mais cana para a produção de açúcar do que na safra passada e menos etanol. A Conab projeta produção nesta temporada de 35,3 milhões de toneladas de açúcar, contra 29,8 milhões, alta de 18,5% em relação à safra anterior.

Para reduzir os impactos da dupla crise, que atinge o mercado de biocombustíveis, representado pela queda nos preços e volume comercializado, e ainda, para mitigar os efeitos da redução da demanda por conta do coronavírus, o setor sucroalcooleiro aposta no aumento da produção de açúcar, tentando intensificar as vendas dessa commodity no mercado internacional.

“No exterior há um vácuo no mercado, resultante tanto de problemas de produção na Tailândia, segundo maior exportador mundial, e da decisão de alguns países de restringir as exportações para priorizar o mercado interno, como ocorre, por exemplo, na América Central. Na Índia também há problemas nos embarques, que estão sendo afetados pela pandemia”, disse a Conab em relatório.

Já a produção de etanol proveniente da cana deve cair expressivos 13,9% em relação à safra passada, atingindo 29,3 bilhões de litros. Na temporada anterior, a produção do biocombustível foi a maior da história. Essa queda acontece principalmente pela queda nos preços internacionais do petróleo e pela drástica redução do consumo interno, gerado pelo isolamento social como medida de combate à Covid-19.

“A maior preocupação do setor no momento é a redução nas vendas de etanol, tanto nas unidades de produção quanto nos postos, devido à queda nos preços da gasolina e na demanda”, enfatiza a Conab.

O etanol anidro, que é adicionado à gasolina, deverá ter uma produção de 9,2 bilhões de litros, 8,8% a menos que na safra 2019/2020. Para o etanol hidratado, fabricado a partir da cana-de-açúcar, a estimativa é de forte redução de 16% na produção da safra 2020/2021.

Já o etanol de milho segue em expansão, devendo ter um aumento de 61,1% e estimativa de 2,7 bilhões de litros nesta temporada. A Conab pondera, no entanto, que o setor encontrará um cenário desafiador nesta safra, pois além dos elevados preços do milho, cuja cotação não para de subir desde o ano passado, a crise do coronavírus dificultou o planejamento das indústrias, pois as medidas de contenções à doença reduziram drasticamente a atividade econômica do país e, por sua vez, a demanda por etanol desde março.