Federação canavieira do Brasil defende posição de Nastari na OIA sobre a falta de apoio da Europa aos combustíveis de matrizes vegetais, como à beterraba. Feplana também critica os altos subsídios asiáticos à cana.
Alexandre Andrade Lima, presidente da Feplana, presente no seminário
Nesta quarta-feira (28), segundo dia do anual Seminário Internacional do Açúcar (OIA) em Londres, os painéis mostraram a produção açucareira nos países asiáticos e europeus, que tem provocado excedente mundial devido elevados subsídios, em especial pela Índia, União Europeia (UE) e pela China, colapsando o mercado global, com depreciação no valor da cana no Brasil. O evento foi marcado pela crítica do representante da sociedade cível no Conselho Brasileiro de Políticas Energéticas (CNPE), Plínio Nastari, endossada pela Federação dos Plantadores de Cana (Feplana), referente à política da Europa voltada ao não incentivo aos biocombustíveis produzidos com as culturas agrícolas de seus países.
“É inadmissível o preço da cana brasileira ser menos de um terço da paga ao produtor na China e menos da metade na Índia devido ao alto subsídio que os agricultores desses países recebem de seus governos enquanto o produtor do Brasil nada ganha, inviabilizando gradualmente a produção da matéria-prima do açúcar e do biocombustível nacional (etanol)”, critica Alexandre Andrade Lima, presidente da Feplana, presente no seminário. O dirigente, que está acompanhado do vice-presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, Paulo Giovanni Tapety, lembra que, diferente da beterraba que tem ciclo produtivo curto, de apenas um ano, a cana dura pelo menos cinco anos, imobilizando uma rápida troca de cultura diante da oscilação dos preços.
Andrade Lima ainda aproveita para endossar o questionamento de Plínio Nastari, importante empresário do setor sucroenergético brasileiro que fez um painel na OIA nesta quarta-feira. Nastari avaliou os preços do açúcar e a política governamental de países pelo mundo. Segundo Lima, ele não poupou a UE, que prefere fechar fábrica de beterrabas ao invés de apoiar a produção de biocombustíveis a partir dessa e outras matrizes vegetais.
“Concordamos com Nastari quando ele mostra não fazer sentido a crítica europeia de não investir em biocombustíveis com o que pode se tornar alimentos, como o milho”, diz Lima. Plinio alertou que se não fosse o apoio para estes tipos de biocombustíveis, nos EUA, por exemplo, onde 37% do milho são destinados para tal fim, jamais se produziria tanto milho no mundo para a alimentação diante do excedente que causaria e que geraria baixos preços, inviabilizando sua plantação. Logo, endossa a líder da Feplana, é uma equação lógica, sendo o milho ou outra cultura fortalecida quando também voltada aos biocombustíveis.
A Feplana também concorda com Plínio ao dizer que ao invés de apoiar tais biocombustíveis renováveis, a política da Comunidade Europeia, em especial da Alemanha, tem incentivado mesmo matrizes mais poluentes. “Ao invés de fazerem como a montadora Nissan que tem apostado em células/baterias inteligentes para carros elétricos com base em etanol em formato de hidrogênio, investem nas baterias construídas a partir de energia nuclear, fóssil e carvão vegetal”, frisa Lima a crítica de Nastari.