A busca por um novo carro popular continua a ser pauta para a indústria e para o governo. Margarete Gandini, diretora do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Alta-Média Complexidade Tecnológica do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) confirmou que foram iniciados estudos na parte governamental para definir as condições para que o país receba veículos mais baratos.
A intenção é aumentar o acesso da população aos carros e alavancar os volumes de produção e vendas do setor. Gandini participou do 4º Encontro da Indústria de Autopeças, realizado no último dia 24 em São Paulo (SP). A diretoria revelou que os estudos para o novo carro popular existem, porém não há qualquer definição neste momento. Uma das simulações internas feitas pelo MDIC seria a emissão de CO2, pois uma das propostas seria que estes veículos rodassem somente com etanol, como uma forma de acelerar a descarbonização do país.
“Estamos tentando juntar alguns elementos. E consultamos as montadoras sobre alguns pontos. Mas, por ora, a indústria ainda não está participando. Embora o tema esteja em discussão, é preciso conseguir uma modelagem factível, e não conseguimos fechá-la ainda, mas estamos fazendo simulações internas para ver o que é possível. As emissões de CO2 são parte fundamental deste projeto. Enquanto não se chegar a isto, não existe um projeto”, explica Gandini.
Porém, o carro popular é apenas uma parte da discussão. A diretora aponta que ainda é necessário melhorar as condições de financiamento para que o brasileiro seja capaz de comprar um carro 0 km, algo cada vez mais difícil com os aumentos de preços consecutivos, os juros altos e a falta de crédito.
Ela preferiu não discutir mais a respeito, enquanto esperamos pela votação em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a aplicação da Taxa Referencial (TR) na correção dos saldos das contas do FGTS – uma proposta defendida por alguns no governo seria liberar parte do FGTS para o financiamento, em um molde parecido com o que foi adotado no Chile.
O que Gandini escolheu comentar foi que existe a necessidade de tomar alguma atitude para resolver o problema de produção. Hoje, a indústria automotiva brasileira opera com 47% de ociosidade ante a capacidade de produzir 4,5 milhões de veículos por ano. Um dos projetos sugeridos seria uma ampliação do programa Renovar, hoje disponível somente para caminhões, passando a englobar também automóveis, incentivando a troca dos veículos com mais de 10 anos e a reciclagem dos mesmos.
“Vários projetos estão na mesa além do aumento do Renovar e da nova fase do Rota 2030, como a questão do veículo mais barato. Mas a equipe está fazendo a modelagem. E o modelo tem que parar de pé. Enquanto não parar de pé, ninguém lançará nada”, conclui Gandini. Devemos ter mais informações nos próximos meses, conforme o governo finalizar a proposta de ampliação do Renovar e definir as novas regras do Rota 2030, que serão reveladas em junho.