A quebra da safra 2018/19 de cana, decorrente de uma longa estiagem, e a estratégia de concentrar parte dos embarques de açúcar no fim da temporada prejudicaram os resultados do grupo sucroalcooleiro São Martinho no terceiro trimestre (encerrado em dezembro). No período, o lucro líquido da empresa caiu 60,9%, para R$ 65,9 milhões.
Dona de quatro usinas, a companhia processou 7,9% menos cana na safra atual do que na anterior, ou 20,45 milhões de toneladas. Embora a falta de umidade tenha ajudado a aumentar a concentração de sacarose, a redução da quantidade de cana processada foi maior, o que teve reflexo direto na receita. Excluídos os efeitos da contabilidade de hedge, a receita líquida da São Martinho caiu 6,3%, atingindo R$ 842,6 milhões.
Em comunicado, a companhia explicou que a queda na receita com as vendas de açúcar reflete tanto a preferência pelo etanol como a decisão de concentrar os embarques do adoçante no quarto trimestre do ano-safra 2018/19. No terceiro trimestre, as vendas de açúcar renderam R$ 269,9 milhões, redução de 34% na comparação anual.
Além disso, com a menor disponibilidade de matéria-prima, sobretudo no terceiro trimestre, a companhia não conseguiu diluir os custos fixos, que pressionaram a margem operacional. O custo operacional avançou 9,5%, para R$ 360,8 milhões. Outro fator que pesou sobre os resultados foi a menor quantidade de bagaço, o que reduziu a cogeração de energia – atividade que costuma entregar boas margens.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 417,3 milhões no trimestre, redução de 16,1%. A margem Ebitda ajustada caiu 5,8 pontos percentuais, para 49,5%.
Para o trimestre atual – que começou com preços fracos tanto de açúcar como de etanol -, a companhia carregou um volume maior do biocombustível do que um ano atrás, mas menos açúcar. Havia armazenado no fim do trimestre 439,8 milhões de litros de etanol, aumento 7,6%, e 363,5 mil toneladas de açúcar, queda de 15,5%.
A São Martinho ressaltou, em comunicado, que o etanol a ser vendido neste trimestre deve representar um custo menor, dado que o produto vendido no terceiro trimestre saiu das usinas paulistas, onde o custo é maior, enquanto, para o período atual, ficou disponível o etanol da usina de Goiás, com menor custo.
Segundo a empresa, o capital de giro empregado para manter os estoques para o trimestre teve impacto negativo na dívida líquida, que encerrou o trimestre 26,1% acima do início da safra, em R$ 1,7 bilhão. O índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 1,8 vez no fim de dezembro, ante 1,61 vez um ano antes. O caixa disponível no fim do terceiro trimestre (R$ 1,2 bilhão) cobria a dívida de curto prazo (R$ 710 milhões).