O aumento da renda média da população brasileira, ainda que tímido, elevou a demanda por trigo e derivados no Brasil e fez a moagem do cereal ultrapassar 13 milhões de toneladas pela primeira vez na história. Segundo pesquisa da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), os 150 moinhos do país processaram 13,19 milhões de toneladas do cereal no ano passado, o que representou um aumento de 3% em relação a 2023.
“Ainda que discreto, é um movimento significativo depois de muitos anos de estagnação”, afirmou o presidente-executivo da Abitrigo, o ex-embaixador Rubens Barbosa. O crescimento da moagem não indica, no entanto, mudanças estruturais no padrão de consumo nem sinais de continuidade na expansão da demanda em 2025, avalia Barbosa. “Estamos vendo a economia se desacelerando, vai ter menos receita, e a renda da população deve cair. Então, não sei como ficará o ano, vamos ter que aguardar”, disse.
A maior parte da farinha de trigo que os moinhos processaram no país teve como destino a panificação e as pré-misturas (30%). Na sequência apareceram indústria de massas (15,4%) e a de biscoitos (11,9%), um quadro similar ao de anos anteriores.
Segundo o dirigente, a rentabilidade do segmento tem caído, refletindo o aumento dos custos de frete e a variação cambial. Segundo o ex-embaixador, não houve repasse de todos esses fatores aos preços finais, o que explica por que os preços dos derivados de trigo não tiveram aumentos significativos.
Com produção de 8 milhões de toneladas de trigo em 2023/24, o Brasil segue dependente da importação do cereal. A Argentina responde por cerca de 80% de todo o volume que chega do exterior, mas os moinhos brasileiros, especialmente os das regiões Norte e Nordeste, também compram trigo dos Estados Unidos e da Rússia.
