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O cultivo dos citros sob o olhar da tecnologia e das pesquisas

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Sindicato Rural 51

Produto importante na economia agrícola nacional e responsável pela posição do Brasil como maior fornecedor do suco da fruta no mundo, a laranja também responde pelos rendimentos de pequenos produtores brasileiros que sobrevivem da agricultura

Sindicato Rural 51João Henrique Souza Freitas, coordenador regional do Senar com os instrutores Walkimar Brasil de Souza Pinto e Marco Aurélio Gonzales

Dois dias com aulas teóricas e outros dois apresentando aulas práticas no campo, serviram para que o Senar e o Sindicato Rural de Araraquara mostrassem aos trabalhadores rurais as regras que norteiam uma inspeção de pragas e doenças na laranja. Debatido por especialistas no assunto – Walkimar Brasil de Souza Pinto e Marco Aurélio Gonzales – o tema envolveu uma das regiões mais produtivas de laranja, controlada pela Citrosuco em Matão e Cutrale em Araraquara, daí essa preocupação.

O programa ministrado no auditório do Sindicato Rural para um grupo de pequenos produtores e trabalhadores foi baseado no conteúdo do livro “O cultivo dos citrus”, elaborado pelos dois palestrantes e com a participação do engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia, Hilton Neiva Galva. Trata-se de um livro de fácil acessibilidade e entendimento, disse Gonzales, durante sua explanação. A publicação além de mostrar o que é o citrus e suas variedades, como laranjas, limões, limas ácidas, tangerinas e outras, indica os tipos de solos para plantio. Confesso, disse ele, que oferecemos ‘o conhecer do citrus’ para os produtores

Considerados na atualidade como extensionistas – profissionais que levam informações aos produtores utilizando formato simples – Walkimar e Marco Aurélio – alegam que há essa necessidade da revitalização do conhecimento, pois o setor citrícola apresenta constantes transformações: “Entramos na Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo em 1976 em meio a infestação do cancro cítrico que surgiu em 1957; em 1980 o cancro cítrico entrou na região nobre, originando a criação do Fundecitrus com o objetivo de desenvolver pesquisas de combate à doença.

Marco Aurélio durante a palestra com os produtores disse que em 1997 surgiu uma outra doença bacteriana – o chamado Amarelinho – o que desencadeou alterações comportamentais no plantio. Como alternativa, uma das mudanças foi tirar os viveiros que eram feitos em solo para atrelados, além de se estabelecer um controle mais rigoroso dos vetores, que são as cigarrinhas: “Nós achávamos que a CVC (Clorose Variegada dos Citros) ou então o ‘amarelinho’ acabaria com a citricultura”, argumentou.

Mas não foi isso que aconteceu, lembra Marco Aurélio: “Hoje mantemos a mesma produtividade graças aos trabalhos técnicos que desenvolvemos e a maneira como orientamos o produtor, embora saibamos do risco do ‘amarelinho’, bactéria que atinge todas as variedades comerciais de citros”, completa

O desequilíbrio da natureza, contudo fez surgir em 2004 o Greening (Huanglongbing/HLB), reconhecida como a mais destrutiva doença dos citros no Brasil. Para eles, especialistas no assunto, o trabalho é constante e cada vez que aparece um problema tem se tentado resolver dentro de uma forma harmoniosa e técnica.

Walkimar, que é engenheiro agrônomo e especialista em extensão rural, manejo, pragas e doenças de citrus, faz questão de ressaltar a importância do trabalho de pesquisa no país e menciona o Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Citros “Sylvio Moreira”, em Cordeirópolis, como um dos principais pontos de estudos citrícolas no Estado, além da Estação Experimental de Bebedouro e do Fundecitrus, todos tendo notável desempenho, estudando e desenvolvendo programas de controle das doenças nos laranjais.

À nossa revista, que abrange o agronegócio, Marco Aurélio (engenheiro agrônomo e extensionista) afirma que com os trabalhos de pesquisa e programas preventivos, foi mantida a produtividade do parque citrícola mesmo com a redução da área plantada. Eram 800 mil hectares de citrus para 400 milhões de caixas de laranja; o espaço para a cultura foi reduzido, mas se mantém a produção.

MELHOR PREVENIR

O coordenador regional do Senar, João Henrique Souza Freitas, acompanhando as palestras, ressaltou o profundo conhecimento dos extensionistas e lembrou que as medidas preventivas podem beneficiar qualquer cultura. A laranja, assegurou o coordenador do Senar, é de extrema importância para a economia regional e a nossa contribuição está em orientar os produtores, principalmente os pequenos sobre os as pragas e as doenças que podem afetar os laranjais. “A região vive basicamente da cultura da laranja e cana e, por questões óbvias, devemos nos preocupar e colocar o Senar e o Sindicato Rural a disposição dos interessados, realizando cursos e palestras que orientem na busca de uma boa colheita”, disse João Henrique, durante o encontro com produtores.

Sindicato Rural 52Grupo participante do curso ministrado no Sindicato Rural