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Preços do açúcar voltam a subir no segundo semestre

Para o diretor da Canaplan o processo de descarbonização aponta uma tendência de crescimento da demanda de etanol

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Luiz Carlos Corrêa Carvalho, diretor presidente da Canaplan

Os números mais recentes apontam uma safra açucareira, com uma produção de açúcar 25% acima da safra passada e com uma produção de etanol 6% superior. Os dados foram apresentados por Luiz Carlos Corrêa Carvalho, diretor presidente da Canaplan, durante palestra “Tendências e mudanças na cadeia produtiva de cana”, apresentada durante a 4ª Reunião do Grupo Fitotécnico de Cana IAC, realizada recentemente.

Com relação aos preços do ATR, Carvalho acredita que houve uma melhora nominal, porém isso não significa uma melhora real. “Se olharmos o ATR em termos nominais melhorou, mas quando ajusta com a inflação, vai ver que em termos reais, tivemos uma evolução, mas não é algo assim tão impressionante para quem paga ou para quem recebe”, disse.

De acordo com Carvalho, que chamou a atenção para os baixos estoques de açúcar, em virtude dos cinco anos seguidos de déficit global, os preços mais baixos agora são uma questão conjuntural e não uma questão estrutural. Os preços no segundo semestre, vocês vão lembrar do que eu falei, voltam a subir, inevitavelmente voltam a subir”, assegurou.

Com relação ao etanol, ele avalia que houve uma “travada” desde a retirada dos impostos na gasolina feita no governo anterior e que, só agora em julho, estão sendo retomados. “Então vamos ver para frente como é que vai ser. Só que de algum modo, estamos com uma demanda menor. Esse ano o hidratado está vendendo menos do que precisa, e o produtor vai ter que segurar preço para poder vender mais. Se o atual governo não fizer como o anterior, podemos ter algo que fica entre R$ 1,25 a 1,27 que é um preço realmente mais animador para quem produz cana”, afirma.

É por estas circunstâncias que Carvalho defende que é preciso ter bem claro qual o papel do Estado na economia, sob o risco de permanecermos andando como caranguejo para trás. “Qual é o papel do Estado?  O que a gente espera dele. Ele vai fixar o mercado ou vai modelar o mercado? Como é que é intervenção do Estado?”, questionou.

“O combustível de aviação, por exemplo, só acontece se, de fato, o Estado tiver absolutamente bem relacionado, casado com norte definido, com metas para se atender. Assim também é a questão do carro flexível híbrido. Se entrarmos na conversa de europeu, nós vamos fazer carro elétrico, porque tem muita gente que ainda acha que a tecnologia tropical que o Brasil fez é ruim e quer copiar a temperada. Enfim, o ser humano é assim”, argumentou.

“Por outro lado, é muito interessante a gente olhar o processo de descarbonização que aponta uma tendência, digamos assim, de crescimento da demanda de etanol, o que é realmente é muito inspirador”.

Segundo Carvalho, o etanol como fonte de hidrogênio é de fato um candidato fortíssimo na transição energética, “o que explica a corrida das empresas de automóveis na base para plataforma fuel cell, para hidrogênio, para o SAF, enfim”, disse ele.

“Gosto muito da frase do cara da Toyota (Akio Toyoda) que é o presidente da associação de fabricante de automóveis do Japão que diz que o inimigo é o carbono não é o motor de combustão interna. Eu complemento dizendo que o futuro não será elétrico, o futuro será eclético, o que é parecido mas não é igual”, disse Carvalho, lembrando a existência de muitas tecnologias e não apenas uma.

Para Carvalho, o setor vive nesse novo momento duas realidades. “A primeira, os limites da nossa capacidade instalada. A gente tem limite de fazer açúcar, temos limites a gente pode querer fazer mais, mas são limites de capacidade e por outro lado as discussões que correm paralelamente como o aumento da mistura de 27 para 30%, coisas digamos assim além daquilo que nós falamos e que trazem naturalmente para que essa volatilidade seja menor. Mas a expectativa que nós temos para o etanol, é realmente fantástica de que ele tenha um crescimento efetivo”, ressaltou.

O diretor presidente da Canaplan concluiu dizendo que há expectativa no programa que acaba sendo suportado pelo movimento do CBIO que mostra que quanto menor quantidade de etanol que é preciso para produzir um CBIO, eu tenho, digamos assim, até 0, 20 a 0,22 por litro para quem tem mais capacidade ou menor pegada de carbono. E por outro lado, a grande novidade tem sido realmente as expectativas com o biogás ou com o biometano, como formas de investimento para melhorar isso tudo”, disse. (Informações/Jornal da Cana)