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Safra 2024/25 de cana do Centro-Sul do Brasil deverá fechar com queda de 9,4%, projetada DATAGRO

Atualizações das estimativas e previsões para o ciclo 2025/26 foram apresentadas durante a 24ª Conferência Internacional DATAGRO sobre açúcar e etanol

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Os impactos climáticos devem aumentar os custos de produção agroindustrial

O primeiro painel da 24ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, realizada em São Paulo, abordou sobre a atual conjuntura da atual Safra 2024/25 de açúcar e etanol e as perspectivas para 2025/26. O encontro foi moderado pelo CEO da UDOP, Antônio Salibe, e contou com a participação do presidente da DATAGRO, Plinio Nastari, e do CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira.

Plinio Nastari iniciou o debate destacando o desempenho excepcional da safra 2023/24, que superou a marca de 650 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, favorecida por boas condições climáticas. No entanto, ele alertou que a safra 2024/25 enfrenta desafios devido à estiagem que começou em novembro do ano passado – esse fator, somado ao plantio tardio e às chuvas irregulares, impactou negativamente o rendimento das lavouras.

Entre os principais problemas enfrentados pelos produtores estão a seca severa, que retardou o desenvolvimento das soqueiras e da cana-de-açúcar, além da proliferação de doenças como a murcha, que comprometeram a qualidade da matéria-prima. A seca também aumentou a incidência de queimadas, afetando áreas em desenvolvimento e prejudicando o andamento da produção.

Segundo José Guilherme Nogueira, as secas, especialmente na região Centro-Sul, agravaram a disseminação da murcha, uma praga que até então tinha baixa incidência. A falta de conhecimento sobre o combate à doença coloca os produtores em um dilema: erradicar áreas infectadas ou deixá-las sem produção por um período.

Com base nesse panorama, a DATAGRO prevê uma queda de 9,4% na produção de cana-de-açúcar para 2024/25, estimada em 593,01 milhões de toneladas. Como consequência, a produção de etanol deverá sofrer uma retração de 1,2%, para 33,18 bilhões de litros; e a de açúcar uma baixa de 8,8%, para 38,70 milhões de toneladas.

Como consequência dos impactos climáticos, os custos de produção agroindustrial deve aumentar. A DATAGRO projeta uma alta de 9,1% nos custos em relação ao período anterior, principalmente devido à perda de produtividade agrícola. José Guilherme Nogueira destacou que a área irrigada foi ampliada de 1,493 milhões de hectares na safra anterior para 1,720 milhões de hectares nesta temporada, na tentativa de salvar as áreas afetadas.

Apesar das adversidades climáticas, o Brasil continua competitivo no mercado global, com custos de produção mais baixos que concorrentes como França, Índia e Tailândia. Plinio também ressaltou a importância do mercado externo nos próximos anos, destacando que a Índia está incentivando a mistura de etanol na gasolina, podendo ainda expandir suas exportações, enquanto a Tailândia tem potencial para aumentar o plantio de cana devido aos preços favoráveis da commodity.

No fechamento do painel, os palestrantes enfatizaram a necessidade de recuperação das áreas afetadas, com expectativa de um retorno das chuvas, e a importância do Brasil como líder no mercado global de açúcar, bem como seu protagonismo na transição energética e nas políticas de descarbonização.