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2018, um ano surpreendente para os brasileiros

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Edna Martins

OPINIÃO:

Por Edna Martins (*)

Edna MartinsQuisera eu pudesse expressar por meio de palavras o turbilhão de sentimentos vivenciados nesse ano. 2018 foi surpreendente!

Desde 2013 sabemos que a população nutria um sentimento de repulsa pela política. Sentimento expresso nas ruas naquele junho em letras garrafais “vocês não nos representam”!

Não nos representam porque são corruptos e usam a  política  para enriquecimento pessoal. Não nos representam porque prometem demais e entregam serviços públicos de péssima qualidade. Não nos representam porque sempre pagamos a conta e os agentes políticos não se envergonham de se auto atribuir benefícios apesar da situação crítica do país.

Mesmo considerando que a generalização não corresponde a realidade, pois existem muitas exceções na política, devemos concordar com os fatos. Os políticos abusaram da boa vontade alheia!

Não por acaso o PT  estava no centro das rejeições. O partido criticou a forma, o conteúdo da política vigente no país e, uma vez no governo, fez igual a todos que antes criticavam. Foi, ademais, responsável por mergulhar o país numa crise sem precedentes.

Então, é possível dizer que sabemos o que as pessoas não queriam na política. Daí aferirmos que para bem representar seria necessária  uma política de propostas sérias, viáveis. Que queríamos eleger aqueles que não estivessem  envolvidas em esquemas de corrupção. Que apostaríamos naqueles que levam a sério a gestão pública, priorizando o que é fundamental para o conjunto da sociedade.

Mas, de lá para cá, não foi o que nos apresentou as urnas. O que nos faz perguntar, quem afinal nos representa? Quais as características desejáveis e o que é preciso para bem representar?

Então vejamos. O presidente eleito não apresentou um programa de governo coerente. Não participou dos debates para esclarecer seu ponto de vista sobre os problemas que enfrentamos. Junto com ele alguns parlamentares, como seu próprio filho, foram agraciados com uma belíssima votação por serem ligados ao mito. Além disso, sobre o “novo” grupo político pesam acusações de caixa dois e alguns outros envolvimentos em mal feitos. Acusações antes insuportáveis e, agora, desculpáveis?

Creio que a situação é mais grave do que pensávamos. Não caminhamos para um avanço da qualidade da política. No lugar de propostas consistentes temos bravatas sem sentido. Ao invés de transparência, debate franco,  vimos subterfúgios para driblar o diálogo.

Tal situação me faz pensar que só há uma saída, precisamos promover a educação política em nosso país sob pena de ficarmos indo e vindo ao sabor do vento nas invencionices políticas que não consideram a história, que não dialogam com a realidade a não ser de forma oportunista.

(*) Edna Martins é socióloga e consultora da IDEAL – ESCOLA DAS CIDADES. É Bacharel em Ciências Sociais e Doutora em linguística, pela UNESP Especialista em Gestão Pública pela UFSJ.