Queiram ou não está aberta a temporada de caça aos votos em Araraquara. E por ela, a nossa cidade, passaram pelo menos duas expressões da política nacional nestes últimos 15 dias: Eduardo Bolsonaro, da Direita e Fernando Haddad, da Esquerda. A regra do jogo dentro do campo político é não deixar crescer nem um lado e nem o outro, tal como o tabuleiro de xadrez.
Se Haddad já se apresenta como candidato ao Governo do Estado no ano que vem, Bolsonaro ainda patina se entra na disputa chamando a atenção de todos para seu pai Jair, e assim polarizar o antagonismo colocando Araraquara praticamente no cenário nacional, já que ela é uma das poucas cidades brasileiras que ainda se veste de vermelho.
Direita e Esquerda precisavam ou precisam de fato de um lugar onde essa disputa possa acontecer. Araraquara apresenta essas características na atualidade. Se não está no olho do furacão por conta destes dois lados extremamente políticos e ideológicos, Araraquara está aos olhares do Brasil pela politização de alguns fatos interessantes, o principal, deles a miséria e a fome da nossa gente, que Bolsonaro acusa – como a cidade dos lockdowns, responsáveis pela paralisia econômica e consequentemente o desemprego.
Se a Direita pensa assim vem a Esquerda, 15 dias depois, para anunciar diante do seu candidato ao Governo do Estado, Fernando Haddad, que Araraquara receberá dois empreendimentos sensacionais que vão gerar emprego e promover a retomada da economia: a Wtorre e a cervejaria Estrella Galícia.
Então, um lado vem com a farta distribuição de cestas básicas para assaciar a fome do povo e o outro com a promessa de investimentos. Se de fato a nossa gente está a passar por necessidades e o arroz/feijão nos dão alento, por outro temos que bancar São Tomé – acreditar para ver.
Curioso é que a Direita nos coloca em situação de miserabilidade e o outro nos dá a esperança de dinheiro correndo solto para acelerar todo processo econômico pós-pandemia. Mas, penso comigo pobre mortal: como acreditar que alguém esteja querendo botar dinheiro num lugar ou em uma cidade onde seu povo passa privações e fome? E olha que há promessas de outros empreendimentos anunciados para Araraquara que ainda nem entraram no papel. Caso da própria Funcep, fundo da Caixa que 15 anos atrás virou promessa política. E agora a cidade teve mais mil empresas fechadas por causa do coronavírus.
Lamento tão somente que por conta da depreciação do meu povo, Araraquara esteja chegando politicamente ao fundo do poço. De cidade ordeira e progressista, a mais limpa das Três Américas, somos marionetes ou quem sabe – a comida dos leões na arena, graças a banalidade política.
*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro da ABI, Associação Brasileira de Imprensa
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