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A frágil democracia do poder econômico

Por Endrigo Zapata

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Os jovens do mundo todo e, portanto, do Brasil também, sempre foram fortes protagonistas nas lutas pela verdadeira democracia no mundo todo. Na década de 1960, por exemplo, eles tomaram as ruas das principais cidades dos EUA manifestando-se contra o racismo, a favor do movimento feminista e contra a utilização de armas nucleares e, até mesmo, contra o protagonismo do país no golpe militar no Brasil em 1964, que mergulhou nosso País num obscurantismo de 21 anos. Na mesma década, no Brasil e em toda a América Latina as vozes dos estudantes universitários e do ensino médio levantaram-se também contra os golpes militares.

No processo de redemocratização, os jovens brasileiros saíram mais uma vez às ruas para, junto com sindicalistas e com toda a parcela progressista da sociedade, clamar pelo voto direto para presidente da República. A UNE (União Nacional dos Estudantes) – representação máxima dos estudantes brasileiros – sempre participou ativamente em todas as lutas sociais, a despeito de toda a tensão provocada pelos golpistas de plantão no governo.

Em 1976, Marcelo Barbieri, como militante do movimento estudantil dentro da UNE, ingressou na política partidária ao se filiar no MDB. Em 1979, foi a geração de Marcelo que reconquistou a UNE (depois da queda ocorrida em Ibiúna em 1968) e, em 1979, com a participação dele foi realizado o maior congresso da história da UNE em Salvador, na Bahia, com a participação de 10 mil estudantes.

A consigna maior era a luta contra a ditadura, o que ajudou a apressar a derrocada da mesma. Outra consigna, foi a defesa das eleições diretas para a UNE, em cuja primeira eleição, em 1979, Marcelo foi eleito vice-presidente nacional da entidade.

Vivíamos o regime militar, forçando os estudantes a agirem na clandestinidade contra o mesmo. O ano de 1968, por exemplo, foi marcado por revoluções culturais e sociais em boa parte do mundo. E, no Brasil, no dia 26 de junho, ocorreu a “Passeata dos Cem Mil” no Rio de Janeiro, clamando por democracia, liberdade e justiça.

A mesma foi duramente reprimida pela polícia da ditadura, inclusive com o assassinato do estudante secundarista Edson Luís e com a invasão do Congresso da UNE em Ibiúna/SP, com prisões de lideranças estudantis.

A luta dos estudantes brasileiros, em aliança com os sindicalistas, ao Lula e à luta pela anistia, deu uma importante contribuição ao processo de redemocratização do País, convergindo para a eleição de Tancredo Neves e de Sarney, em cujo governo a UNE foi legalizada.

A “democracia” do poder econômico, que vigora nos países capitalistas do mundo todo, é frágil, na medida em que é a força do vil metal que elege os parlamentares majoritariamente de direita – com raríssimas exceções – que determinam, regra quase geral, retrocessos nos rumos do país.

Vide a tentativa de golpe de Estado que ocorreu no Brasil no último dia 8 de janeiro, quase nos levando de volta aos anos de chumbo. Eleger parlamentares com a força política e a experiência de Marcelo Barbieri é um ganho para o avanço da verdadeira democracia no País.

(*)Endrigo Zapata é pedagogo, produtor cultural, ligado aos Movimentos Sociais dos Trabalhadores Rurais e escreve para o RCIA ARARAQUARA.

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR