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A joalheria que foi assaltada mais uma vez no centro comercial de Araraquara

Por Ivan Roberto Peroni

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Coincidência ou não na semana passada conversava com um comerciante da região central da cidade que nos dizia da sua preocupação com a crescente onda de assaltos, furtos, roubos que vêm ocorrendo nos principais corredores comerciais de Araraquara. Quatro dias depois uma joalheria perto da Praça de Santa Cruz acabou se transformando no mais recente alvo dos criminosos.

E de fato, pensei comigo na oportunidade, a preocupação a partir de agora aumenta pois duas situações criam este cenário de medo e pavor: uma delas é a redução dos casos de covid e a tentativa do comerciante se recompor após uma trajetória cambaleante desde março do ano passado. A outra situação preocupante é a proximidade do Natal e a condição financeira da bandidagem que enche o rabo de droga e sai cometendo assaltos em busca do dinheiro.

Ao comerciante instalado a vários anos no centro da cidade indagamos – isso tem solução? Sim tem, o trabalho mais efetivo da polícia e da guarda municipal, nos dando mais atenção e olhando de forma vigilante, possibilitando segurança a todos aqueles que trabalham de forma correta em busca do seu sustento.

Bem, do lado policial a gente sabe que nestes últimos anos a polícia tem sofrido baixas em seus quadros por uma questão ou outra e que a reposição é mínima diante principalmente da elevação das ocorrências provocadas pela marginalidade. Cada 10 policiais que se afastam, somente dois ou três lugares ou vagas recebem a reposição. Quanto aos crimes, se antes eram dois agora são seis. Não há equilíbrio entre – perdas e reposições – armamentos, viaturas e assim temos uma segurança fragilizada.

Assim, em alguns casos vale muito mais o empenho, o cumprimento de um ideal que propriamente compensação pelo que se faz e o salário miserável que o policial recebe para atuar na frente do combate, expondo sua vida. Neste particular, existe aquele cidadão que chega e diz – não está satisfeito pega o boné e vai trabalhar em outro lugar.

Mas não é assim: dentro do funcionalismo público, e policial militar é um servidor do estado, ganha pouquíssimo na comparação com aquele que exerce uma função mais cômoda, menos perigosa. Temos um governo, aliás todos que passaram nestes últimos 30 anos, que não valoriza o policial, a atividade policial em si.

Mas há outro lado e que saiu da conversa com esse comerciante na segunda-feira: a gente marca reunião com a polícia em Araraquara para discutir segurança e aparece meia dúzia de gato pingado. Não há união entre os comerciantes, não há interesse em se exigir mudanças, programas, projetos, cada vez mais estamos distantes uns dos outros.

A classe dos que atuam no comércio é a mais forte que temos, gera riquezas, sustenta a economia, dá emprego, dá alimentação, movimenta uma cidade, mas ao mesmo tempo vemos que falta união, comparecimento em massa nas reuniões com a polícia não para pedir segurança, mas exigir segurança. Afinal é o comércio que sustenta presidente, governo, prefeito, secretário de segurança e aí vai.

*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro  da ABI, Associação Brasileira de Imprensa

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR