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A quem interessa a condenação de Edinho Silva?

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Ivan

Opinião: por Ivan Roberto Peroni

Embora diga que sempre agiu de forma ética e dentro da legalidade, que tem a maior disposição em esclarecer qualquer dúvida que existir e que as contas da campanha foram aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral, a verdade é que Edinho está mergulhado num inferno astral, e nem poderia ser diferente para qualquer ser humano disposto a preservar a idoneidade.

IvanA essa altura, em que viu sua privacidade sendo invadida por agentes da Polícia Federal buscando apreender documentos que comprovem seu envolvimento no maior escândalo de corrupção do mundo, a Lava Jato, é bem provável que num simples relance, tenha passado pelos pensamentos de Edinho Silva uma pergunta: “Será que valeu a pena ser o que sou?

Pelo tanto que o conhecemos, é bem provável que diga – sim, valeu. Afinal, neste longa metragem da sua vida, ele sempre mostrou possuir uma ideologia fincada na igualdade de direitos, princípios de um partido político (PT) que, bem lá atrás, propagou que neste país todos poderiam ser iguais. De estudioso aluno de Ciências Sociais a vereador, de prefeito a Ministro de Estado, podemos considerar uma carreira meteórica, sem contar outras funções que servem de cartão de apresentação para qualquer político bem intencionado.

Só que pelo caminho, ele foi encontrando pessoas de todas as espécies, umas mais outras menos interessadas em trocar a estrada da vida que pode ser de liberdade e beleza pelo poder da cobiça, que via de regra torna o ser humano cego, a inteligência empedernida e cruel, explicação lógica que Edinho assimilou nos bancos universitários ao ler e reler o discurso O Grande Ditador, de 1940.

Assim, a convivência com Lula, Zé Dirceu, Palocci, Genoíno, Delúbio Soares, Dilma e tantos outros, infelizmente acabou refletindo em Edinho, que passou a ser visto como mais um predestinado às investigações da Polícia Federal por conta da Lava Jato. É lógico que caberá a ele provar sua inocência e à distância não podemos, e nem devemos, fazer qualquer tipo de julgamento, mas dar tempo ao tempo para não acusarmos e nem tripudiarmos sobre quem vive, quem sabe, os piores dias da sua vida.

Apropriado à época que vivemos, o ditado popular “Diga-me com quem andas e te direi quem és!” parece envolver o nosso prefeito maldosamente a uma situação que se confessa inocente. No entanto, paga, ele, o alto custo das companhias políticas e da sua imprudência em querer com elas continuar, o que, no mínimo, o torna omisso e negligente, pois como participante de um sistema e sendo homem público, teria motivos de sobra para renunciar ao quadro dantesco em que seria participante. Mas, Edinho solidário aos companheiros foi até o fim, não imaginando consequências. A esta altura todos pregavam inocência e que tudo estaria dentro da lei, porém a grande maioria acabou atrás das grades.

De 2015, quando ele se deparou com o poder, a 2018, ano que marca a visita dos agentes federais, é um período de perdas e esquecimentos, achados e perdidos, idas e vindas, encontros e desencontros, mas acima de tudo, de reconstrução da verdade, esclarecimentos que inocentam ou culpam, capaz de lhe dar o céu ou o inferno, afinal, não há ser humano capaz de suportar o peso da consciência. Palocci que o diga em uma visita de simples cordialidade.