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A tríplice perda em uma semana

Por Coca Ferraz

2004

Nos últimos dias perdemos três proeminentes araraquarenses: um empresário, um arquiteto e um artista.

Luiz Carlos Telles Rodrigues (Kó), o empresário, foi um ser humano exemplar que lutou muito na vida para conseguir montar a grande empresa que é hoje a “Jocar Indústria e Comércio de Máquinas”. Fã de futebol, participava de campeonatos em diversos clubes da cidade e também tinha o seu time de minicampo (por sinal, um bom time) – contra quem joguei algumas vezes. Com físico privilegiado e boa técnica, atuava do lado direito da defesa.

Pessoa humana e simples, eu sempre tive grande admiração pelo Kó. Nosso próximo jogo vai ser no céu, para aonde vamos uma vez que não temos pecado. Aliás, ele, que já está lá, que espere, pois a minha intenção é deixar o planeta Terra somente daqui a uns 50 anos.

Ricardo de Castro, o arquiteto, foi um profissional altamente conceituado. Atuando na área de projetos de edificações e decoração de interiores, realizou dezenas de obras em Araraquara e região através da sua empresa “Arquitetura e Interiores”. Sua formação profissional foi feita na Itália, mais especificamente em Roma – um dos berços da Arquitetura mundial.

Sempre amável e sorridente, Ricardo era irmão do “Louco”, apelido carinhoso que tinha o professor Castro, que foi atleta dos mais notáveis aqui na nossa cidade. O próximo e sempre agradável bate papo que teremos vai ser no ceú – lugar para onde vão os que não têm pecado, como é o nosso caso.

Pedro Paulo Zavagli (Spiga), o artista, foi notável poeta, compositor e cantor. O samba “Seu Norberto”, que compôs com seu amigo “irmão” Rogério Noia, é a música dele que eu mais gosto. Quando cantaram esse samba no programa do Rolando Boldrin (disponível no youtube e no RCIA), Spiga deu um verdadeiro show de interpretação, junto com seu amigo Noia, o que deixou o Boldrin entusiasmado.

Nascido na Vila Xavier, quando voltou para Araraquara foi morar com a sua irmã, a Neusa, na Avenida Santo Antônio, próximo da igreja de São Benedito. Todos os dias, ele por ali circulava conversando com os amigos e tomando uns aperitivos (o que, cá entre nós, facilita bastante a comunicação).

Quando jovem, jogou futebol no Palmeirinha e outros times da Vila. Contam que uma vez foi fazer teste no Independente de Limeira junto com o seu amigo Cabau (meu cunhado). Terminado o treino se dirigiram ao técnico para saber se seriam contratados e a resposta foi conclusiva: com esse futebol de firulas que apresentaram vocês deveriam ir trabalhar em circo.

Há cerca de quinze dias tomei umas e outras com ele no bar do Eliel; os próximos “camparis” tomaremos no céu, para onde vamos tendo em conta que não temos pecado.

*Coca Ferraz, é engenheiro e professor da USP (Universidade de São Paulo)

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