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A voz e a vez da mulher

Por Maria Emília de Oliveira Souza Taddei

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Ao estudarmos a evolução da humanidade percebemos que ao longo do tempo foram se estabelecendo inúmeras mudanças no comportamento do ser humano, necessárias à sua adaptação às novas condições que surgiam, sempre visando a sua sobrevivência. As descobertas do fogo e da roda, por exemplo, alteraram completamente os hábitos dos seres vivos daquele período e até mesmo os rumos da história.

E assim vão se sucedendo os diversos períodos históricos, há milhares de anos.

Agora estamos assistindo a uma mudança de paradigma nas relações entre homens e mulheres. O regime patriarcal, de dominação masculina e submissão feminina, vem sendo desconstruído, dando lugar a um novo pensamento profundo e integrador, que possibilite realização pessoal e coletiva maior do que propunha o modelo anterior. Hoje em dia homens e mulheres, juntos, estão construindo símbolos de harmonia masculino/feminino, em todos os setores.

O individualismo vem se mostrando superado em muito pelo força do cooperativismo, as novas tecnologias estabeleceram-se definitivamente como sendo o caminho mais garantido de sucesso nos negócios e as habilidades de fazer muito, em menores espaços possibilita retorno financeiro para um número muito maior de empreendedores.

Nesse novo modelo de sociedade que está surgindo apresenta-se mais do que nunca necessário o aproveitamento das habilidades femininas, pois as mulheres têm uma capacidade natural e divina de gerar o novo, adaptar-se bem às situações até então desconhecidas, de superar as  dificuldades, de olhar para todo o entorno, ao mesmo tempo em que foca num determinado ponto, uma capacidade de conciliação, de compartilhamento, próprios de mulheres.

Em outros tempos, algumas de nós, por necessidade de sobrevivência, ao perderem ou ficarem incapacitados os seus pais, maridos ou companheiros precisaram tomar a dianteira dos negócios da família e contrariamente aos padrões estabelecidos para o sexo feminino, puseram-se a gerir o próprio negócio e saíram-se muito bem usando essas características. Essas eram as mulheres que de alguma forma já participavam das atividades comerciais familiares mas, quase sempre de forma oculta. Esse segmento foi surgindo de forma aleatória, espalhado por esse mundão, mostrando que mulheres têm voz e poder de criar uma gestão, cuja dominação seja só de conhecimentos de como e com quem fazer melhor. Essas mulheres são, exemplos de superação, força de trabalho e sucesso administrativo.

Por isso essas experiências que dão ânimo e servem de direção para tantas outras mulheres precisam ser compartilhadas. Daí os grupos que vem se formando, como os diversos grupos das Mulheres do Agro.

Queremos estabelecer compromissos com os diversos órgãos a exemplo do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) que desde 2004 através da Portaria 156 vem construindo a equidade/igualdade de gênero (entre homens e mulheres) como uma Política Pública garantindo a eliminação da subordinação, exclusão e marginalização das mulheres no âmbito do cooperativismo e associativismo brasileiro, além de incluí-las em projetos e programas das cooperativas de base.

Assim também querem as Mulheres do Agro Araraquara. Vamos nos reunir dia 09/12/2020, para uma vez mais dividirmos experiências e multiplicarmos conhecimentos, sempre com a intenção de darmos um passo adiante em direção à conquista de novos postos, que possibilitem a participação da mulher nos projetos e tomadas de decisão do setor Agropecuário junto ao poder público ao setor privado.

Seguem alguns dados, que foram obtidos a partir de um trabalho conjunto entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Embrapa e o IBGE, no âmbito de um Termo de Compromisso assinado entre as três instituições por intermédio do Programa Agro Mais Mulher:

O número de mulheres dirigindo propriedades rurais no Brasil alcançou quase 1 milhão. A partir do Censo Agropecuário de 2017, o IBGE identificou 947 mil mulheres responsáveis pela gestão de propriedades rurais, de um universo de 5,07 milhões. A maioria está na região Nordeste (57%), seguida pelo Sudeste (14%), Norte (12%), Sul (11%) e Centro-Oeste, que concentra apenas 6% do universo de mulheres dirigentes.

De acordo com a pesquisa, juntas, elas administram cerca de 30 milhões de hectares, o que corresponde apenas a 8,5% da área total ocupada pelos estabelecimentos rurais no país.

*Maria Emília Souza Taddei, é empresária do agronegócio e integrante do Grupo Mulheres do Agro Araraquara

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR