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Alternância de poder!

Por Filipa Brunelli

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É inegável que mesmo diante de todas as adversidades, violência e negação de direitos, estamos conseguindo avançar no que tange a integralidade social.

Demorou muito tempo para que uma travesti, ou seja, corpos que integram a base da pirâmide social, ocupasse um lugar de decisão de poderes.

A resposta que o país como um todo deu elegendo diversas transexuais para os legislativos municipais em 2020 , é a resposta diante os avanços do conservadorismo tóxico e mortal na sociedade brasileira.

Eu, uma travesti, periférica, gorda, do interior de um dos estados mais conservadores e de uma cidade com um histórico de linchamento a minorias políticas, fui eleita vereadora.

Graças aos esforços e credibilidade de diversas pessoas que fizeram com que isso fosse possível, friso sempre a coletividade e a importância de se trabalhar neste contexto, pois não é somente sobre mim, é sobre nós, é sobre toda uma parcela da população silenciada historicamente.

O partido dos trabalhadores ao qual faço parte com muita honra, vem se mostrando grande aliado não somente a mim mas também as pautas que defendo e acredito.

Dessa vez, damos um passo maior e marcamos a história do país, onde uma pessoa como eu terei a responsabilidade de liderar uma das bancadas mais potentes e feministas do que se temos registro na cidade.

Agradeço a vereadora Fabi Virgilio, mulher aguerrida que tanto luta pela emancipação das pessoas através da cultura e da arte; a vereadora Thainara Faria, primeira mulher preta a se tornar vereadora em araraquara e a mais jovem da história do país; e ao vereador paulo landim, líder de governo mediador de grandes conflitos. Sem o apoio dos mesmos, não seria possível mostrar para a história que é preciso não somente romper com os estigmas sociais, mas também reparar a história e colocar pessoas que sempre foram invisíveis à sociedade em destaque.

Agradeço também ao presidente do diretório municipal, o Dico, Dicão, o Everson Inforsato, pessoa essa que sabe ouvir, dialogar e, acima de tudo, cultivar o afeto.

Mas, também, não poderia deixar de mencionar as instâncias partidárias superiores, tanto a Janaína Oliveira secretaria nacional lgbt e Bel Sá, ex-secretaria estadual lgbt por nunca terem se silenciado do debate dentro e fora do partido e, ainda, garantindo o espaço de pessoas LGBTs no PT.

Sou a primeira travesti a liderar uma bancada de vereadores, mas não serei a única, muito menos a última.

*Filipa Brunelli, é vereadora em Araraquara, transvereadora do PT em nossa cidade

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