Lindas trajetórias de vida neste planeta tiveram a Therezinha Servidoni e o Marco Brandão. Agora, partiram para uma nova etapa da vida cósmica.
A Therezinha Servidoni foi prefeita de Rincão por diversas vezes e fez muito pelo povo rinconense. Filha de família numerosa e tradicional da cidade, era professora e religiosa convicta.
O seu pai, Ernesto Servidoni tinha uma mercearia próxima do campo do Paulista, o mais famoso time de futebol de Rincão. Lá tomei muitos sorvetes de groselha depois dos puxados treinos do Juvenil do Paulista, comandados pelo Baltazar. O massagista era o Julio Poca.
Um dos seus irmãos, o Zé Servidoni, que também foi prefeito de Rincão, era craque na bola (jogou no Paulista e no REC) e na bondade: durante anos cuidou com extrema dedicação dos “velhinhos” do Asilo da cidade. Quem também cuidou do Asilo, não sei se ainda cuida, foi o vereador Bergamasco – nosso Bergão (grande beque do Paulista no passado). O Agenor, outro irmão da Therezinha e que estudou comigo no Ginásio, era ótima pessoa, mas tinha o grave defeito de ser ruim de bola.
Em um dos mandatos da Therezinha, a cidade ganhou de presente uma tela de autoria do Ernesto Lia – nosso maior artista plástico. Foi dia de festa em Rincão quando o quadro, uma pintura magistral de Cristo, foi entregue.
Marco Brandão, amigo, irmão, camarada, foi cidadão destacado da nossa leal e heroica Araraquara. Quando jovem foi bom jogador do Sambafo, famoso time de futsal da cidade. A sua grande altura e o forte “bicudo” de pé direito ajudavam bastante. Os integrantes do time (Tatalo, Adalberto, Melão, Falcoski, Marquinho da Globo, Denis e outros mais) contam que ganharam todos os campeonatos que disputaram, sobretudo os do antigo IEBA – grande mentira que não contesto por serem todos meus amigos.
Lembro bem dos seus pais: seu Brandão, que realizou notável trabalho na EFA e na Prefeitura, e da dona Terezinha, mãe maravilhosa de muitos filhos. Durante anos eu passava por lá aos sábados para tomar café e pegar o Pardal e o Juninho “goleiro” para jogar futebol. Casado com a Valéria, irmã do nosso ídolo Vandanban, teve três filhas maravilhosas. Presente de Deus para um homem de bons propósitos.
Teve grande sucesso na Engenharia Civil, foi construtor e também trabalhou na Villares e outras grandes empresas. Empresário de sucesso, a sua padaria na Nove de Julho era referência em qualidade. Nos últimos anos se destacou como diretor da Santa Casa, levado que foi a colaborar com o nosso hospital filantrópico pelo Dr. Valter Cury. Fez lá um excepcional trabalho.
Uma das mais admiráveis qualidades do Brandão era o valor que dava as amizades: ajudar e defender os seus amigos era coisa marcante na sua vida (que o digam o Dr. Aloísio Paschoal e o Dr. Valter Cury).
A esses dois amigos que partiram vai lá uma prece irlandesa: “Possa a estrada levantar-se para encontrá-los, o vento soprar sempre as suas costas, a chuva cair macia nos seus campos, o sol brilhar quente nos seus rostos; e até que nos encontremos novamente, possa Deus tê-los mansamente na palma da sua mão”.
*Coca Ferraz, é engenheiro e professor da USP (Universidade de São Paulo)
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