Há praticamente cinco dias das eleições em Araraquara, diria que, qualquer analista político ficaria visivelmente atordoado com tantos fatos que vêm cercando a escolha do futuro prefeito. Se de um lado as pesquisas eleitorais têm mostrado certa tendência para o candidato Edinho Silva, e olha que a diferença do primeiro ao segundo colocado é muito larga, é verdade que em final de campanha ninguém pode subestimar a vontade do eleitor. Seu poder de decisão é único, indivisível. Caminha para a urna convicto de que escolherá o melhor: para ele, sua família, sua cidade.
Contudo, em uma eleição atípica como esta, vemos que a pandemia do coronavírus tem causado danos ao sistema político eleitoral em apenas 45 dias, tanto quanto à economia e à vidas das pessoas por quase oito meses. A passagem deste fator desgraçadamente maléfico além do rastro morticida que deixa, nos proporciona paralelamente o ensinamento de que – nada é como a gente quer. E este querer, imposto por sentimentos ou pensamentos sem rédeas parecem nos oferecer estradas bem largas, caminhos calcificados por vitórias que suavizam o nosso passarelar pelo tempo. A política é assim. Queremos porque queremos, falam os mais sábios.
Mas nem de todo, o tempo que nos referimos acima, tem sido um bom camarada para alguns candidatos a prefeito, principalmente para aqueles que sonharam muito num espaço de tempo tão curto, atingidos principalmente pelo coronavírus, e, justamente aqueles que se intitulavam postulantes reais para derrotar Edinho Silva.
Vejam que outros fatos poderiam desestimular além dos dois, Lapena e Coca, também ao Coronel Adalberto, Fernando Fraga, Tiago Pires, Nino Mengatti, Célio Peliciari e Rodrigo Ribeiro. No entanto, a pandemia arrumou ao seu jeito uma forma de afastar Lapena da disputa no começo da campanha e após internado aqui, foi levado para São Paulo. Com isso o candidato perdeu tempo num momento em que o espaço para a campanha já seria curto.
Da mesma forma, o Professor Coca Ferraz – ao anunciar nesta segunda-feira que sua agenda está suspensa – por conta da contaminação do seu coordenador de campanha, é verdade que, tem o bom senso de se valer do isolamento para não colocar a vida das pessoas em risco, bem como a sua, espalhando a contaminação.
Temos que admitir que a exposição do candidato publicamente iria contra todas as regras propagadas pela Saúde Pública – uso de máscaras, distanciamento, isolamento social, etc –mas isso não significa que ele está saindo de uma campanha eleitoral, cujo sonho foi dele em disputar a Prefeitura, cujo compromisso foi dele em criar uma ampla coligação, de manter apoio e de forma coletiva apoiar os candidatos a vereador que ficariam sem chão. Além disso há os que sonhavam como próprio Coca e estes devem ser respeitados.
A pesquisa divulgada neste final de final mostra evidentemente as reais tendências: um deve ser o vencedor, tem que ser o ganhador, mas é preciso se conscientizar que há além dos dois candidatos atingidos pelos males e efeitos da pandemia, outros seis concorrentes que tiveram a ousadia em se candidatar. Entrar numa disputa é motivo de orgulho e sendo a urna inviolável e a mais consolidada das pesquisas, é importante que respeitemos seu poder de decisão.
*Ivan Roberto Peroni, jornalista e membro da ABI, Associação Brasileira de Imprensa
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