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Em terra de cegos, quem tem um olho é Rei!

Por Walter Miranda

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A expressão acima, muito antiga e até hoje usada, demonstra que no meio da ignorância quem tem o mínimo de sabedoria domina. Assim é possível, com a falta de conhecimento da maioria da população brasileira, ver que o governo Bolsonaro segue fielmente a política imposta pelo FMI e o Banco Mundial.

Penso que está difícil sairmos tão cedo da crise social e econômica provocada pela pandemia do coronavírus, e pelo desgoverno Bolsonaro/Paulo Guedes, que está aliado ao Mercado, composto por grandes empresários e banqueiros nacionais e estrangeiros.

Li, com muita atenção, a entrevista concedida pelo presidente da ACIA, José Janone Júnior, ao Jornal O Imparcial, na edição do dia 31 de março, com respostas, a meu ver, equivocadas, e algumas politicamente tendenciosas. Ele direciona seus ataques ao alvo errado. O tempo todo ele não cita, e até isenta, o governo Bolsonaro/Paulo Guedes, pela crise social, econômica, sanitária e política do país.

Destinar somente R$ 250,00 de “esmola emergencial” não ajuda os pobres a se livrarem da fome. No entanto Bolsonaro argumenta que o “gasto” vai causar um rombo de aproximadamente R$ 44 bilhões nos cofres públicos. No entanto, gastaram 2020 R$ 1.381 trilhão pagando juros e outros gastos para banqueiros. Acessem o Portal da Transparência do governo federal, e vejam que continua a “farra da boiada”. Isso o Janone não cita na  entrevista.

É triste ver que a maioria da população brasileira, por desconhecer minimamente as teorias e os princípios macroeconômicos, acabam acreditando em “fakes news”, vindas ideologicamente de governantes desonestos e seus seguidores. A crise é macroeconômica, mas os micros e pequenos empresários, a maioria desinformados e influenciados por dirigentes despreparados, miram as suas metralhadoras para alvos errados.

As ciências econômica e contábil se apoiam em diversas teorias, princípios, linhas de pensamento sociológicos, filosóficos, históricos e políticos, que procuram compreender como a sociedade se organiza econômica e politicamente. Assim, por exemplo, é preciso entender que a cotação do dólar de R$ 4,02 no início do ano de 2.020, e R$ 5,70 no dia 26/03/2021, teve forte reflexo nos preços de todos os produtos nacionais, tais como alimentos, combustíveis, medicamentos e outros. Isso é fruto da equivocada política do governo Bolsonaro.

É preciso conhecer a história. Penso que o presidente da ACIA/Araraquara deveria se debruçar nos livros, e refletir sobre a crise econômica, social e política ocorrida em 1929, conhecida domo “A Grande Depressão”. O colapso econômico começou nos Estados Unidos e espalhou por todo mundo capitalista. No governo democrata, presidido pelo Franklin Delano Roosevelt (1933 a 1938), houveram diversas medidas que alavancaram a economia, na contra mão do que o governo Bolsonaro está fazendo.

Atualmente o governo americano, Joe Biden, aprovou um pacote de ajuda de US$ 1,9 trilhão (R$ 10,92 trilhões), equivalente a 10% do PIB, para ser gasto com medidas emergenciais de proteção à população pobre, contra os problemas sociais causados pela pandemia do coronavírus. Biden aprovou um auxílio emergencial mensal de US$ 2 mil (R$ 11,5 mil) para cada americano pobre. Este dinheiro vai alavancar o consumo e, consequentemente, a economia americana.

O presidente da ACIA/Araraquara deveria exigir que o governo Bolsonaro apresente um plano para vacinação rápida de toda população; taxa de juros “0” para empréstimos bancários direcionados para os pequenos, médios e micros empresários e empreendedores, bem como para os trabalhadores, objetivando reduzir o desemprego, que se aproxima de 15 milhões de pessoas.

O adágio popular “em terra de cegos, quem tem um olho é rei”, infelizmente, tem sido utilizado pelo Governo, e seu ministro Paulo Guedes, para impedir que a maioria da população  perceba para quem eles governam. Evidentemente não é para a classe trabalhadora.

*Walter Miranda, presidente do Sindifisco Nacional-Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil/Delegacia Sindical de Araraquara, Diretor do SINSPREV-Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Saúde e Previdência do Estado de S. Paulo.

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