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Era uma vez um time que apostava na base

Por Adilson João Tellaroli

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Quem não se lembra das equipes formadas por Picolím ou Vail Motta para os campeonatos amadores com jogadores futuramente guindados ao time profissional da Ferroviária?

Todos diziam que o clube grená era um “celeiro de craques” e ainda em passado não muito distante, vivemos isso. Lembram-se do Tóta? Mas agora que o clube se profissionalizou, parece que tudo está sendo esquecido. Temos visto noticiário a respeito do trabalho feito na base, com profissionais e estrutura mais adequada, embora ainda longe do ideal, o que certamente poderá vir com o CT que se pretende construir. Vários jovens ainda despontam mas o problema é que dificilmente são aproveitados por aqui.

Parece haver uma ansiedade, para não dizer precipitação em fazer negócio com o primeiro interessado. Alguém irá dizer que os tempos são outros e as oportunidades não podem ser perdidas. Mas convém lembrar que no momento, a Ferroviária tem uma empresa por trás e embora o objetivo seja faturar, o que é natural, tanto ela como o clube, não precisam tão urgentemente desse dinheiro para sobreviver.

Sem fazer muito esforço, a torcida pode contar os jogadores que poderiam estar integrando o time principal e foram embora. Felipe Estrela voltou por circunstâncias mas não chegou antes a ser aproveitado no time profissional. Agora o jovem zagueiro Gustavo Medina também está sendo negociado com o Cruzeiro e segundo dizem, foi firmada uma parceria entre os dois clubes. O time mineiro recentemente levou Claudinho, jovem meia-atacante que estava entrosado no time principal e saiu faltando apenas duas rodadas para o término do Paulistão, onde a Ferroviária corria risco de rebaixamento!

Demos sorte. Jogamos bem as duas partidas que faltavam e permanecermos. E se tivesse dado “zebra”? Quem iria explicar essa negociação antecipada? Claudinho fez falta, principalmente domingo contra a Inter na Arena, quando o meio de campo não andou e o time sucumbiu feio, sendo eliminado.

Senhores dirigentes afeanos, mirem-se no exemplo do Mirassol. Uma cidade menor que a nossa, com uma equipe que fez boa campanha ano passado, repete a dose este ano. Perdeu meio time durante a pandemia, aproveitou garotos da base mesclados com jogadores experientes e está seguindo em frente! Não seria bom pensar melhor com respeito ao aproveitamento dos jovens? E o que pensam, disso os treinadores? Sergio Soares não foi ouvido e Cavalcanti parece ir pelo mesmo caminho. O que importa é fazer negócio?  Ou é melhor pagar por jogadores disponíveis no mercado como vem ocorrendo? Muitas perguntas, leitor? Então termino com uma exclamação. “Que saudades dos tempos em que a Ferroviária revelava e aproveitava seus jovens jogadores!”

*Adilson João Tellaroli – conhecido como “bola branca”, é jornalista esportivo e faz parte do Portal RCIA

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