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Mulheres na liderança, um movimento lento mas consciente

Por Maria Emília de Oliveira Souza Taddei

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O Portal DBO, site de notícias e conteúdo técnico especializado nas áreas de corte, leite, leilão e agricultura promoveu um levantamento entre 20 e 23 de fevereiro  junto ao site da CNA – Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil que, identificou 89 mulheres presidentes de Sindicatos de um total de 1941 Sindicatos de Produtores Rurais do país, ou seja 4,85%. A rede sindical é composta por 1979 sindicatos, no entanto 30 deles não tinham as informações disponíveis, assim não foram incluídos na listagem.

Esse número sem dúvida é baixo, mas precisamos lembrar que, até 30 anos atrás nós mulheres praticamente não participávamos de nenhum tipo de grupo social, econômico, muito menos político ligado ao Agronegócio. A transferência do patrimônio rural para os filhos em detrimento das filhas está ficando no passado. Hoje em dia, já são naturais os  processos de sucessão que, preservam a família unida frente aos negócios. Segundo o Grupo Safras e Cifras- Consultoria Agropecuária Especializada em Planejamento Sucessório, 60% das propriedades brasileiras trabalham hoje com gestão compartilhada e pelo menos 10% já estão sob o comando exclusivo das mulheres.

Nós vimos nos preparando, buscando qualificação em todos os níveis: Gerencial, Técnico e Administrativo, para estarmos aptas a assumirmos quaisquer dessas posições, inclusive como líderes, se quisermos. Sabemos que, a herança patriarcal ainda está presente no universo rural e continua inibindo o surgimento de lideranças femininas, mas não impede. Já temos presença marcada, inclusive no comando, em Associações, Cooperativas e Instituições de Crédito.

A determinação, das mulheres envolvidas no Agro, é fator fundamental para que, nós conquistemos cada vez mais espaços, inclusive nas Organizações Classistas do setor, como os Sindicatos Rurais.

O Sindicato Rural de Araraquara, por exemplo, faz parte do grupo de entidades que, acredita no potencial de liderança da mulher e atualmente conta com a participação da Anna Paula Nunes entre os membros da sua diretoria, ela inclusive é a líder do “Mulheres do Agro Araraquara”, grupo que, vem desenvolvendo um trabalho, apoiada pelo Sindicato, de disseminar conhecimentos através dos cursos do SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, além de trocarem informações, discutirem suas dificuldades, compartilharem aprendizados diversos e principalmente, juntas se fortalecerem.

Queremos estimular a vocação de liderar nas mulheres, porque nós temos um perfil conciliador, flexível, na gestão de pessoas e processos e de busca pelo conhecimento é isso que, nos capacita e nos dá segurança para nos manifestarmos e definitivamente nos encoraja a participarmos de maneira mais ativa das atividades relacionadas à agropecuária e assim contribuirmos com nossa visão, para um Agro produtivo e sustentável.

Temos visto inúmeros exemplos de sucesso conquistado por mulheres que vêm “abrindo porteiras” de todas as formas. Somos sim, capazes de conciliar uma agenda de serviços junto ao Agronegócio e a nossa família, o segredo está em olharmos muito mais para aquilo que nos liberta, do que para o que nos limita.

Queremos, enfim, abrir caminhos para novas lideranças femininas, afinal somos inspiradas por muitas delas e queremos inspirar inúmeras outras…

*Maria Emília Souza Taddei, é empresária do agronegócio e integrante do Grupo Mulheres do Agro Araraquara

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do RCIARARAQUARA.COM.BR