Sinceramente chego à conclusão que estou exigindo demais!
Por várias vezes neste espaço, tenho criticado a atual qualidade técnica do nosso futebol, que realmente deixa a desejar na maioria das partidas. Falta uma consistência maior, fala-se muito em “posse de bola”, Tite insiste em ”rodar a bola”, como se o principal do basquetebol não fosse a feitura da cesta e o objetivo do futebol não fosse o gol que traz a emoção, configura os pontos e o possível título.
Não adianta jogar bonito e perder, mas em grande parte das partidas, perdem e jogam feio. Falta agressividade, vimos recentemente a seleção com carência de jogadas individuais como acontece nos clubes.
Jogadores não tem confiança em buscar a jogada pessoal, estão atados, com medo, até parece que os técnicos proíbem de tentar. Garrincha por exemplo, deve ter esperneado bastante recentemente. E com isso aumentou e muito, a diferença entre o futebol praticado na Europa e o nosso. Vemos os clubes tropeçando, inconstantes tecnicamente e a seleção brasileira sem empolgar, desacreditada pelo torcedor.
Aqui entra o segundo ponto. Em meio a tudo isso tivemos a pandemia da Covid. E a coisa piorou. Não apenas no aspecto técnico mas diretivo. A propalada organização para proteger jogadores e dirigentes, se mostra incompleta. Teve cartola que pretendia a volta do público aos estádios em nome dos prejuízos financeiros.
É claro que todo mundo está sendo prejudicado de uma maneira ou outra, mas na Europa não tivemos tantos casos em sequência como no nosso. A rodada passada teve praticamente quarenta casos da doença só no Santos, que afastou atletas do masculino e feminino, além do técnico Cuca e dirigentes, Sem contar o episódio lá atrás do Goiás, outros clubes foram prejudicados.
O Flamengo foi um deles em episódio internacional e a decisão tomada pela CBF gerou dúvidas. Agora o Palmeiras teve um surto da doença, o Atlético Mineiro teve o técnico Sampaoli afastado, isto só para nos atermos à série A.
É cada vez mais evidente que os protocolos que se afiguravam como tão seguros, não resistiram à doença. E como quase tudo no nosso futebol como calendário, organização, a participação mais efetiva do Sindicato de atletas, também ficou relegada a segundo plano.
Negligência, parece ser a palavra mais adequada numa questão vital. Afinal é a vida de profissionais que está em jogo. E não é normal o afastamento de tantos jogadores ao mesmo tempo, por isso alguém tem que agir!
Com isso, volto ao início do nosso papo. Com todos em campo, já estava ruim, então como vou exigir qualidade técnica com tantos problemas emocionais e dezenas de desfalques nas equipes?
*Adilson João Tellaroli – conhecido como “bola branca”, é jornalista esportivo e faz parte do Portal RCIA
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