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No Governo Bolsonaro a maioria dos brasileiros estão endividados

Por Walter Miranda

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O livro “História da Riqueza do Homem”, de autoria do economista Leo Huberman, revela a trajetória histórica, cultural, econômica e social da humanidade desde o feudalismo até o capitalismo, mostrando, sob o ponto de vista teológico, a escatologia do ser humano.

Na sociedade feudal, na Idade Média, existiam três classes: sacerdotes, guerreiros e trabalhadores. A maioria das terras agrícolas da Europa ocidental e central era dividida em feudos, que pertenciam aos senhores, de quem todos dependiam. Viviam em castelos, casas grandes, fazendas. Assim os trabalhadores, servos, produziam para todos. Atualmente, no regime capitalista, mesmo com a automação, está situação não mudou.

Está escrito no evangelho que acumular tesouro aqui na Terra é desprezível para Deus. Mesmo assim, o clero não era contundente na condenação dos senhores feudais, donos de grandes áreas de terras. Ao contrário, se omitiam e aliavam a eles. A história verdadeira, e não a oficial que é mentirosa, da escravidão dos pretos mostra isso.

No Brasil, o regime capitalista mantém a mesma prática, mesmo que a concentração deste tesouro tenha resultado em miséria para parcela significativa dos seres humanos. Toda fortuna tem se acumulado em poder de poucos proprietários dos meios de produção e banqueiros. As terras continuam em poder dos latifundiários pessoas físicas e agronegócio.

A ambição pelo lucro, e o acúmulo de riqueza em poder de uma minoria, tem levado milhões de seres humanos a um endividamento bancário que alcançou, em dezembro de 2020, segundo o Banco Central, 50,3% da população.  Este percentual é calculado levando em conta os valores das dívidas dos brasileiros aos Bancos e financeiras.

Somada às dívidas não bancárias, a CNC-Confederação Nacional do Comércio informa que, no mês de outubro de 2020, em torno de 67,5% da população estava endividada. Outro dado preocupante, é que em torno de 39% da renda da população brasileira vai mensalmente para pagamentos de financiamentos e empréstimos bancários.

Agravando ainda mais a crise econômica, o real se desvalorizou 30,20% em relação a cotação do dólar no ano de 2020, empobrecendo ainda mais o Brasil e os brasileiros. No início do ano de 2020 o dólar valia R$ 4,0232. No final do ano valia R$ 5,2384. Este aumento contribuiu, relevantemente, para a inflação dos preços dos produtos que compramos.

O exemplo mais evidente da influência da cotação do dólar nos preços das mercadorias, é o reajuste dos preços dos combustíveis, vinculados às cotações dos preços do barril de petróleo no exterior, em dólar. Assim, se o preço do barril aumenta no exterior, os preços dos combustíveis também aumentam no país. Somente no ano de 2021 a gasolina teve um reajuste de 20,6%. O real, segundo a agência de notícias britânica Reuters, sofreu a maior desvalorização frente ao dólar no mundo em 2020.

Se esta política econômica do governo Bolsonaro continuar, dentro de poucos meses veremos um cenário de depressão econômica: o aumento da quebradeira de pessoas jurídicas e físicas, ampliando a quantidade de desempregados, a inflação dos preços dos produtos alimentícios, a fome e a miséria no Brasil.

Espero, com este modesto artigo, ter contribuído para que os (as) leitores(as) entendam a minha opinião, enquanto economista e contador, sobre a crise econômica e social do Brasil, levando a maioria dos brasileiros à uma condição estressante, agravada pela pandemia do Covid-19

O governo Bolsonaro vem, claramente, governando para os banqueiros e outros poderosos, permitindo taxas de juros absurdas, e endividando a maioria dos brasileiros.

Walter Miranda, presidente do Sindifisco Nacional-Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil/Delegacia Sindical de Araraquara, Diretor do SINSPREV-Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Saúde e Previdência do Estado de S. Paulo, militante da CSP CONLUTAS-Central Sindical e Popular. Ele escreve para o RCIA.

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