
O campo da Atlética, ali pertinho da Igreja de Santo Antônio, na Vila Xavier, pulsa como o coração do futebol amador de Araraquara. Cada lance, cada grito da torcida ecoa pelas ruas, carregando histórias e sonhos de gerações.
Lembro-me de uma conversa inspiradora com Marinho Rã no Podcast Uniara. Cria do Colorado do Zé Lemão, com passagens marcantes pela Portuguesa de Desportos e até pela Seleção Brasileira, ele iniciou sua trajetória justamente ali, naquele gramado sagrado da Atlética. Para ele, como para tantos outros, aquele campo não era apenas um lugar para jogar, mas o ponto de partida para uma carreira de sucesso no futebol.
O campo da Atlética ultrapassa a simples definição de um espaço esportivo. É um símbolo, um ponto de encontro, um celeiro de craques que, mais tarde, brilhariam com a camisa da Ferroviária. É a representação viva do futebol raiz, da paixão genuína pelo esporte, desprovida dos holofotes e glamour do profissionalismo.
As lembranças do final dos anos 70 invadem a mente com força. O vestiário exalava um aroma inconfundível de laranja e Gelol. Jair Bala, o treinador da Ponte Preta de Araraquara, sempre presente, recorria ao Gelol para aliviar as dores. A imagem da redinha de laranja na cabeça, bebendo água na moringa, é um retrato da simplicidade e da autenticidade daquele tempo.
Os jogadores, com suas chuteiras apertadas entre os dedos, camisas e meias grandes demais, personificavam a garra e a determinação de quem jogava por amor à camisa. O gramado, permeado de folhas de eucalipto, era o palco de duelos memoráveis. E em frente à Igreja, o ponto de ônibus testemunhava a chegada e a partida dos heróis do futebol amador de Araraquara.
O bar próximo ao campo embalava a atmosfera com a música ‘Todo menino é um rei’, de Roberto Ribeiro. A canção, com sua melodia contagiante e letra inspiradora, celebrava a beleza e a pureza do futebol amador, onde cada jogador, e cada menino era realmente um rei de forma incontestável.
*Por Alexandre José Pierini, escritor, professor da Uniara, apresentador do quadro Podcast na TV Uniara e escreve para o RCIA.
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