Queria ver alguém dizer ao prefeito Valdemar de Santi – “você tirou o seu da reta”? Da mesma forma os prefeitos Rubens Cruz, Clodoaldo Medina ou até mesmo Roberto Massafera. Contudo, os tempos e os hábitos são outros e ao ver o prefeito Edinho Silva estar exposto e disposto a ouvir que ele estava tirando é claro o seu da reta -, numa referência aos fatos tristes e assustadores do Jardim das Hortênsias ocorridos em junho, a gente chega a conclusão que o perfil respeitado do homem público não existe mais, resguardados evidentemente os limites.
Marcio William Servino, conselheiro tutelar e membro do Conselho Municipal de Políticas Sobre Drogas postou nas redes sociais no dia primeiro de junho um artigo que nos leva a refletir sobre a importância do homem público dentro da comunidade, desde que suas ações sejam da mais plena responsabilidade.
Não podemos e nem devemos ignorar o que aconteceu no Jardim das Hortênsias pois é em situações assim, que vemos há que ponto chega a fragilidade do homem público e o desconforto dos que lá residem.
Servino além da clareza nas suas palavras, mostra que domina o assunto e fixa no homem público a responsabilidade de zelar pela cidade no seu todo. É nisso que vem a reflexão do “tirando é claro o seu da reta e pondo a culpa na conta dos dois traficantes baleados estando um morto e outro em estado grave, ou seja se os dois morrerem o caso esta resolvido”. O tráfico e uso de drogas neste bairro atinge a segunda e terceira geração de uma mesma família, onde pai, filho e neto usam e vendem drogas, diz o membro do Conselho Tutelar. Ora, pelo jeito são mais de 30 anos, não são três semanas e nenhum homem público teve interesse em resolver. Neste particular é justo que se diga que a ineficiência é também da própria Segurança Pública. A questão política pesa pois não exige medidas que defendam os moradores de bem, dentro do bairro.
É notório nos tempos atuais essa confusão de interesses, onde tudo que é público é tomado como particular. Onde, na verdade, o combustível que move os interesses políticos, pouco, ou, em quase nada, se aproximam dos interesses coletivos. Enfim, é uma inversão e banalização total de papéis. O homem público, seja ele, do alto ou do baixo escalão da máquina pública, toma pra si aquilo que é de todos só em festinhas e inaugurações. Quando é para enfrentar problemas como este – tira de fato o seu da reta.
A forma com que as redes sociais têm tratado – presidentes, governadores, prefeitos e todos aqueles que compõem a linhagem política, mostra que o homem público está em declínio. Os exemplos cotidianos mostrados pela mídia nos comprovam essa triste realidade das instituições públicas, muitas vezes, marcadas pelo sucateamento, excesso de burocratização, lentidão, ineficiência, além das já tão denunciadas corrupção.
Por certo, essa resposta é de difícil compreensão. Até porque, precisamos entender melhor no homem moderno, aquilo que separa seus interesses particulares dos coletivos. Penso que nesse último ponto não existe qualquer distinção entre tais interesses, sejam eles particulares ou públicos.
Enfim, o declínio do político, faz ruir com ele, a natureza que dá sentido as instituições públicas. Neste caso, interesse e medo resultam em submissão.